Se der curiosidade, dá uma olhadinha nessa matéria da Folha:
Trânsito piora e SP se iguala ao Rio no trajeto casa-trabalho
Moradores das metrópoles brasileiras enfrentam trajetos de casa para o trabalho entre os mais demorados do mundo –e, na maior parte dos casos, em tendência de piora. Estudo do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada) constata que a Grande São Paulo passou a ter o trajeto mais demorado do país, ultrapassando a região metropolitana do Rio de Janeiro. (segue)
Que coisa, não? Passei anos da minha vendo noticiários sobre as – horrorosas – características únicas do trânsito em SP e sem entender muito bem. Afinal de contas, morei no Rio por muitos anos e gastei foi traseiro em horas intermináveis dentro de ônibus. Sem ar-cond e com direito a campeonatos de curva, dessas de atritar a carroceria no asfalto e sair faísca. Onde morava, no Méier, não há Metrô, não há vias rápidas como em São Paulo. Enfim, não há nada, porque, you know, para o poder público carioca só existe a Zona Sul. Pra você do Méier ir ao centro da cidade de buzunga, gasta-se mais ou menos 50 minutos ou mais, dependendo da hora do dia. Pra você ir do Méier à rodoviária, então, é um suplício. Não há metrô e o ônibus é um cata-mendigo, vai balançando e você chega moída. Isso porque o Méier é uma espécie de Tatuapé em termos de distância do Centro. Imagina um ente que mora na Baixada Fluminense, em Duque de Caxias… Daí é claro que quem pode vai de carro.
A sorte do Rio é que muito pouca gente pode. A população de periferia é infinitamente mais pobre que a de SP. Ninguém tem dinheiro pra carro, então vai é de trem mesmo. Sim, aqueles mesmo que você vê normalmente apinhados de gente na TV. E busão. Se a população do Rio tivesse o mesmo poder aquisitivo, ou o animus financiandi de SP, o Rio entraria em colapso – o que não ira querer dizer muita coisa para o governo e a prefeitura locais, como se pode depreender, por exemplo, da triste área de saúde fluminense.
O gráfico faz parte da matéria, e surpreende ainda mais. Quer dizer que durante todo esse tempo rolou um estigma muito bem trabalhado de que o carioca vivia flanando, que a vida lá era boa, e que o inferno estressante era aqui?
Entendo. Não é à toa que o Cristo está de costas para a Zona Norte.
De qualquer modo, é curioso que só agora comecem a sair esses comparativos. Tenho cá pra mim que, agora, com essa questão dos royalties e uma possível nova configuração política, ficaremos sabendo de muitas outras (e novas!) escabrosidades cariocas/fluminenses.