O sol demorou a vir, e o frio estava muito chatinho de manhãzinha. Acabei não indo ao passeio de carros antigos (que foi chiquéééérrrimo!), mas não por causa do tempo. É que fazia séculos que, por circunstâncias familiares, não era possível proporcionar à minha mãe um de seus maiores prazeres: achar acelgas gigantes a um reáu. Os dois preferiram deixar o passeio de carros e chafurdar nos hortifruti no Ceasa.
O Ceasa é o maior entreposto de produtos agrícolas da capital. Só no varejo, que abre três vezes por semana, ele movimenta 250 toneladas de produtos por mês. O Ceasa (na verdade, Ceagesp, mas “Ceasa” é o nome que ficou) também abriga a maior feira de flores e plantas do país, com 110 produtores, e varejo às terças e sábados. Com tanta alface o Ceagesp tem um programa voltado à filantropia, e o povo lá resolveu, de uns tempos pra cá, combater o desperdício de alimentos.
Bem, a julgar pelas montanhas de folhas que sempre vejo por lá, acho que mesmo reciclando para o sopão dos desvalidos ainda sobra bastante pra favela que se instalou ao lado, interessada na xepa e nas caixas de madeira, comercializadas informalmente. O problema volta e meia é levantado pela Prefeitura, mas parece que a coisa não anda.
***
O bom mesmo é que também hoje, depois de séculos entre pesquisas infrutíferas e falta de tempo por causa do trabalho, acabei achando minha tão sonhada treliça de plástico. Eu queria dividir dois ambientes, mas não queria parede ou tijolos de vidro (afinal, mudei toda a formatação da cozinha e da área de serviço justamente por causa da circulação de ar!). Tudo o que eu precisava na vida era uma treliça de mais ou menos 2 m por 1 m, branquinha, que eu pudesse tirar pra lavar de vez em quando. E achei a danada na Cobase, uma pet-shop (gigante, é claro) em frente ao Ceasa. Isso depois de procurar em casas como a Leroy, Telhanorte, pesquisar na internet… Enfim, a bichinha só traz na embalagem o CGC da importadora, além de uma foto horrível em que as plantinhas estão tão esticadas quanto a própria. Pela pinta, deve ter vindo daqui. Não importa (sem trocadilhos). O importante é que ela se ajustou direitinho ao vão em questão, e agora só falta escolher uma jardineira bem bacana pra botar uma trepadeira bem resistente e rezar para que ela seja bem boazinha e vença o verdadeiro drama mexicano da insolação na minha cozinha.
O próximo passo é uma cortina para a janela da cozinha/área. Ela tem 3,5 m de largura, mas a culpa não é minha: o prédio é que é da era pré-claustrofóbica. Já cheguei à conclusão que terá de ser algo na linha daquelas redes laranjas que separam canteiros de obras (mas não dessa cor!), ou então cerca de galinheiro. Ou mesmo aquelas de sombreamento mesmo, como minha cunhada tem para proteger suas orquídeas. Mas o que vale é avaliar no olho, ali, ao vivo, como foi com a treliça. Deus é pai. Uma hora, quando menos esperar, passeando pela Florêncio, eu acho.