Dona Osm, empresária; ou pequenas empresas, grandes casacos

Que bacana a garra, a disposição para o trabalho, a criatividade das pissoa, né?

Merdson e Merdnilson resolveram abrir um negócio com monitores de vídeo. Dona Osmerdina deu a maior força, e Merdilaine desenhou o logotipo.

Acima, um momento da empresa familiar: dona Osm abre as perninhas (ainda não entendi essa parte…) enquanto Merdson faz o serviço pesado e Merdnilson cuida da parte de segurança institucional.

Aprenda um pouco mais sobre esse tipo de empreendedorismo aqui.

Pô, eu tava brincando!

Nas estripulias eleitorais-gastronômicas desse cara venho observando, desde as outras eleições, por gravações e fotos, que ele está sempre tomando milhares de cafezinhos aqui e acolá, em lugares em que nem dona Osmerdina botaria os pés. Até falei pra ele tomar cuidado com o estâmbulo. Mas era brincadeira…

Leio no G1 que (ao contrário do que disse aqui domingo último) ele só saiu do Incor hoje, com essa cara de  petit-mort após um longo e tenebroso piriri. Diz que foram as CNTP de Bogotá. Sei!!!

Mas está lá, na mesma matéria: o cara costuma tomar 25 XÍCARAS DE CAFÉ COM AÇÚCAR POR DIA!

Num dá, né, fio! Assim, além da gastrite, você arruma um belo dum diabetes.

  • Foto (Roney Domingos, G1): Alckmin, com suas camisas quadriculadas de bom-moço, em caminhada movida a água hoje, no Itaim Bibi (mas no Itaim dá pra comer sem medo de ser feliz, criatura!). Detail: à direita, sorrindo, José Aníbaaaaalllll.

Oh, yesssss!

O Marcelo me passou a bola e publico pra vocês NA HO-RA!, porque um assunto desses diz respeito a todos nós e, por sua magnitude, só poderia ser resolvido mesmo por um governador de estado.

José Serra acaba de baixar um decreto que determina que, de agora em diante, a banana só poderá ser vendida por quilo. Ele parou o que estava fazendo para atender à reivindicação de produtores do Vale do Ribeira (só podia!), que se sentem muito injustiçados no preço da caixa da dita-cuja contada em dúzia.

Bem, confesso que não me lembro da última vez que comprei banana contando nos dedinhos. Aqui é tudo por quilo, e já faz tempo. E, apesar de prestar atenção no preço, nunca dei chilique na banca por causa dessas sutilezas feirísticas. Dúzia é dúzia, quilo é quilo, e um costume acaba suplantando o outro, com ou sem intervenção estatal. Não havia necessidade de Serra desencavar uma relíquia dessas só porque meia-dúzia (ôps!) de produtores ainda vivem no Pleistoceno.

Imagina, é de realizar: hordas de fiscais nas ruas vigiando os bananeiros. Era só o que faltava!

  • Carmen Miranda (Entre a loura e a morena (The Gang’s All Here), Busby Berkeley, 1943): no tempo em que as bananas sabiam seu lugar na sociedade.

Tô falâno….

Esse homem ainda bate as botas nessas campanhas junto ao povo, sabe?

Geraldo Alckmin recebeu alta do Incor, mas resolveu suspender sua agenda pop de hoje. Ele foi internado na noite de ontem com uma baita intoxicação alimentar. Detail: assim que voltou de Bogotá resolveu fazer uma visitinha, tomar um cafezinho e comer uma coisinha com o povão em Paraisópolis.

Como seu assessor, que também foi à Colômbia, passou tão mal quanto ele, resta saber se a campanha do candidato do PSDB incluiu uma chegadinha à perifa de Bogotá ou o efeito-coxinha foi aqui mesmo.

Era um domingão…

O sol demorou a vir, e o frio estava muito chatinho de manhãzinha. Acabei não indo ao passeio de carros antigos (que foi chiquéééérrrimo!), mas não por causa do tempo. É que fazia séculos que, por circunstâncias familiares, não era possível proporcionar à minha mãe um de seus maiores prazeres: achar acelgas gigantes a um reáu. Os dois preferiram deixar o passeio de carros e chafurdar nos hortifruti no Ceasa.

O Ceasa é o maior entreposto de produtos agrícolas da capital. Só no varejo, que abre três vezes por semana, ele movimenta 250 toneladas de produtos por mês. O Ceasa (na verdade, Ceagesp, mas “Ceasa” é o nome que ficou) também abriga a maior feira de flores e plantas do país, com 110 produtores, e varejo às terças e sábados. Com tanta alface o Ceagesp tem um programa voltado à filantropia, e o povo lá resolveu, de uns tempos pra cá, combater o desperdício de alimentos.

Bem, a julgar pelas montanhas de folhas que sempre vejo por lá, acho que mesmo reciclando para o sopão dos desvalidos ainda sobra bastante pra favela que se instalou ao lado, interessada na xepa e nas caixas de madeira, comercializadas informalmente. O problema volta e meia é levantado pela Prefeitura, mas parece que a coisa não anda.

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O bom mesmo é que também hoje, depois de séculos entre pesquisas infrutíferas e falta de tempo por causa do trabalho, acabei achando minha tão sonhada treliça de plástico. Eu queria dividir dois ambientes, mas não queria parede ou tijolos de vidro (afinal, mudei toda a formatação da cozinha e da área de serviço justamente por causa da circulação de ar!). Tudo o que eu precisava na vida era uma treliça de mais ou menos 2 m por 1 m, branquinha, que eu pudesse tirar pra lavar de vez em quando. E achei a danada na Cobase, uma pet-shop (gigante, é claro) em frente ao Ceasa. Isso depois de procurar em casas como a Leroy, Telhanorte, pesquisar na internet… Enfim, a bichinha só traz na embalagem o CGC da importadora, além de uma foto horrível em que as plantinhas estão tão esticadas quanto a própria. Pela pinta, deve ter vindo daqui. Não importa (sem trocadilhos). O importante é que ela se ajustou direitinho ao vão em questão, e agora só falta escolher uma jardineira bem bacana pra botar uma trepadeira bem resistente e rezar para que ela seja bem boazinha e vença o verdadeiro drama mexicano da insolação na minha cozinha.

O próximo passo é uma cortina para a janela da cozinha/área. Ela tem 3,5 m de largura, mas a culpa não é minha: o prédio é que é da era pré-claustrofóbica. Já cheguei à conclusão que terá de ser algo na linha daquelas redes laranjas que separam canteiros de obras (mas não dessa cor!), ou então cerca de galinheiro. Ou mesmo aquelas de sombreamento mesmo, como minha cunhada tem para proteger suas orquídeas. Mas o que vale é avaliar no olho, ali, ao vivo, como foi com a treliça. Deus é pai. Uma hora, quando menos esperar, passeando pela Florêncio, eu acho.

São Paulo compartimentada?

Lideranças marromenos querem que a rua Frei Caneca leve oficialmente o título de “rua gay de São Paulo”. A idéia se configurou após um site do gênero abrir a votação, em que a Frei Caneca desbancou a Consolação e a Vieira de Carvalho.

Douglas Drummond, da Associação Casarão Brasil, idealizadora do projeto, diz que a iniciativa conta com o apoio os vereadores Soninha e Netinho, e da maioria dos comerciantes e moradores (eles dizem que “a rua já é gay mesmo…”). O projeto a ser apresentado à Câmara Municipal de São Paulo prevê um concurso que selecionará um projeto voltado à modernização da via, com calçadas mais largas e bancos.

A Associação Casarão Brasil está reformando um prédio no local que será sua sede, e o mais interessante: contará também com um abrigo para moradores de rua gays. “Um homossexual carente, seja homem ou mulher, já sofre discriminação nesses abrigos. Imagine, então, uma travesti que está nas ruas e precisa ir para um local desses. Lá, ela é obrigada a vestir roupas masculinas e ficar junto com os homens. É exatamente isso que queremos mudar. Dar mais dignidade a essas pessoas”, diz Douglas. A sede da Associação terá ainda um bistrô, uma floricultura e uma barbearia, que ajudarão a sustentar os projetos da associação. A Casarão Brasil ainda estuda fazer um asilo e um posto de saúde voltados para a comunidade GLS.

“Isso trará mais dinheiro para São Paulo. Tem gente que vai até São Francisco (nos EUA) só para ver ou viver essa liberdade, dos casais gays andando de mãos dadas nas ruas. Acho isso tão importante para a cidade quanto o Museu da Língua Portuguesa” – diz Drumond (menos, menos, Drumond!… Andar de mãos dadas aqui é normal, vai! É só dar um rolê pela cidade, a qualquer hora de qualquer dia da semana).

Eu acho ótimo criar abrigos e associações. Afinal de contas a vida não é mole para os gays. Mas criar um título desses, valha-me Deus! É querer isolar a catchiguria num bunker e gerar mais preconceito ainda.

  • Foto (Portalflex): Shopping “Gay” Caneca.

PS: Escrevi este post ontem. Hoje vejo no Estadão que o apoio não é tão grande assim. Drumond, é claro, diz que é preconceito. As associações de moradores da região, entretanto, dizem que é justamente o contrário, e que do jeito que está está ótimo, com todo mundo circulando livremente, de mãos dadas ou não. Até o povo da Parada Gay acha a iniciativa uma besteira: “Nossa posição não é contrária, mas a de que não podemos aceitar mais guetos. Queremos ter o direito de ir e vir em qualquer lugar, como qualquer outro indivíduo. Não queremos uma zona de exclusão”, disse Alexandre Santos, presidente da Parada. Assino embaixo. Sou pela livre circulação de gays em todos os bairros da cidade, de Carapicuíba até São Miguel, passando por Cidade Ademar e pelo Morro Doce.

Que bonitinho…

Enquanto a gripe não me pega de vez, indico pra vocês o passeio de carros antigos do próximo domingo, que marcará os cem anos da primeira corrida automobilística da América Latina, que percorreu mais ou menos o mesmo trajeto (Perdizes, naquela época, era zona rural).

O evento é patrocinado pelo Automóvel Club e a largada está prevista para as 9 horas, em frente ao Parque Antártica, e chegada no Pacaembu, passando pela Sumaré, avenida Paulo VI, avenida Brasil, Brigadeiro Luiz Antonio, São Carlos do Pinhal, Joaquim Eugenio de Lima, Paulista, Doutor Arnaldo, Major Natanael, Capivari e Praça Charles Miller. Nada que estafe uma fordeca.

Haverá de tudo: Desde um Peugeot 1908, um Packard 1923, o Simca-Chambord do Vigilante Rodoviário – dirigido pelo próprio, o ator Carlos Miranda -, até um Maverick Hollywood de 1975 (será que é o daquele câmbio ri-dí-cu-lo?). Ao todo, são trinta participantes, entre eles os ex-pilotos Artur Bragantini, Bird Clemente, Bob Sharp, Crispim, Emílio Zambello, Graziela Fernandes, Marinho, Toni Bianco e Toco.

Eu quero levar meus pais pra ver. Acabo de tomar uns dois Bufferin, pra paulada fazer efeito. Será que estarei viva até lá?

  • Fotos: acima (como diz meu irmão, é melhor ser rico e com saúde do que pobre e doente): Santos-Dumont (assim mesmo, com hífen, reservado às famílias distintas), Sílvio Penteado, Prado Jr. e Armando Penteado, na corrida de 1908 em Sumpa. Abaixo, Carlos Miranda e seu inseparável amigo Lobo, estourando o estofado do chiquérrimo Simca (fui pesquisar o nome do cachorro, viu? O Vigilante não é do meu tempo!).
  • Mais sobre a corrida de 1908, os primeiros lugares e curiosidades sobre o trânsito caótico da cidade na virada do século XX no site Enferrujado.com.br.

Vila Madalena na berlinda: os mequetrefe dos “barrrrzinho”

O “projeto urbanístico” que a Prefeitura bolou para a Vila Madalena sem perguntar pra ninguém é a rosa que faltava em cima do caixão do bairro. Não freqüento aquilo ali faz bem uns dez anos, porque ficou extremamente chato. De um lugar espontâneo para alguns botecos, moradia legal para estudantes da USP e tal, aquilo começou a chamar a atenção da cidade inteira. E daí tome “empresários da noite”, aqueles que montam e desmontam um empreendimento disfarçado de boteco rustique de seis em seis meses e dão uma fragorosa banana para a urbanidade – invadem calçadas, não respeitam a lei do silêncio, montam verdadeiras chocadeiras de manguaceiros e contribuem para um trânsito pavoroso nos finais de semana. De um lugar pacato e interessante, a Vila virou um inferno. Hoje, até pagode tem lá.

Não tenho nada contra bares nem contra produção cultural saída de conversas de botequim – muito menos contra os artistas que freqüentam aquilo. O problema é quando isso é forçado e vira indústria mesmo. Vai atraindo uns vandercreisson (da USP ou não, pode escolher) que não sabem beber, não produzem nada, nunca ouviram falar em um Derrida que seja e não distinguem um dó de um fá. De talento mesmo eles só tem um carro, a disposição pra encher a cara e se soltar um pouco de sua vidinha e a encheção de saco dos coitados dos moradores.

Aqui em São Paulo não é como no Rio. Lá, o Amarelinho é o Amarelinho. A Pizzaria Guanabara é a Pizzaria Guanabara, o Diagonal é o Diagonal e o Villarino está lá, firme e forte. O Lord Jim abriga gerações inteiras das fofas. O Bar Luiz é o Bar Luiz. Até a Casa do Bacalhau do Méier continua lá, pô!

Aqui não. De década em década as moscas elegem lugares, os empresários mandam ver naqueles visuais montados exatamente pra dar uma idéia de velhinho e o povaréu se manda em revoada pra lá, joga conversa fora até saturar o local, esperando pela próxima onda. E aí vem a decadência da moda que se foi.

Nem andar de carro eu ando mais por lá. Não por causa das ruas de mão-dupla, uma das coisas que a Prefeitura vai eliminar. É porque muito carro em rua de mão-dupla não dá certo. Virou um tormento dirigir no bairro, porque, além de tudo, ele atraiu um monte de pequenos escritórios. Vila Madalena abriga a maior quantidade de birôs por metro quadrado do mundo. O que a Vila de hoje tem de bom são as lojas com design. Móveis, roupas, decoração, coisas muito bacanas e criativas. Mas até isso está degenerando. Aos poucos, as grandes lojas batidonas de produção em massa estão abrindo sua filial lá, com ares de alternativo. Daqui a pouco chega uma holding multinacional de artesanato indígena e arrasa tudo de vez.

  • Foto: imaginaçã gráfica, via G1: até o piso vai orrrnarrr com a crassimédia que corre atrás de novidades etílicas. Detail na esquina: o projeto prevê uma instalação supermuderrrna com as três irmãs moradoras da chacarona que havia no local antes. Elas dão nome à Vila Madalena e às adjacências, Vida Ida e Vila Beatriz. Pois sim! As coitadas não estarão lá nem em ectoplasma.