Para isso existe a lei

Os fofoletes que agrediram a repórter Monalisa Perrone hoje à tarde, em entrada ao vivo para o Jornal Hoje, vão sentir – sabe-se lá em que parte do corpo – os limites entre ter opinião e fazer o que bem entendem.

Após a agressão à repórter, queridíssima do público paulista e paulistano (o povo reagiu mal, a brincadeira não deu certoammmmm….), os caras dessa tal MerdTV serão processados pela Globo.

Eles enchiam os pacovás desde que equipes da Globo se plantaram na – tediosa – entrada do Hospital Sírio-Libanês por conta da doença de Lula, à espreita para se enfiar no meio das entradas ao vivo.

Na falta de coisa melhor pra fazer, e numa triste confusão com as brincadeiras do Pânico na TV, o grupo sempre procurou atrapalhar entradas ao vivo, com foco sempre na Globo, a quem declaram aquele velho ódio infantil.

Além das medidas legais, as equipes contarão com reforço na segurança.

Eu pessoalmente solicitaria a presença da PM na frente do hospital. Baseado na lei de imprensa. Simples assim.

Pois se o próprio ex-presidente conta com batedores da polícia paulista…

Por que não?

 

Dia cheio

Por e aqui em casa também.

Mas fico com dois fatos que corroboram a ideia comum de que São Paulo é a festa do caqui nacional. Se em sua história sempre abrigou pessoas legitimamente decididas a se estabelecer na vida, também dá potencial espaço pra maloqueirada aventureira.

1) Fernando Haddad, após mais um fracasso do Enem, fazia comício em prol de sua candidatura à pefeitura no Itaim Paulista, e trocou o nome, chamando-o de Itaim Bibi. Pra quem não sabe, há uma diferença abismal entre o primeiro, região pobre de tudo, e o segundo, bairro de classe média altíssima da Zona Sul paulistana.

Detalhe: esse elemento viveu a vida toda em São Paulo até virar ministro. Se, nesse tempo todo, não conseguiu se informar o mínimo sobre a cidade, imagina se, por desgraça do destino, virasse prefeito. Teria de aprender as coisas daqui com Romário…

2) Outro que quer amarrar seu burro na sombra da cidade é Orlando Silva, que ainda traz no traseiro o “quente” do pé que acaba de levar de Dilma. Acusado de envolvimento em repasses ilegais de verbas a “ongs”, manifestou, durante cerimônia de defenestração agora à tarde, querer concorrer a qualquer coisa em SP: “Vai ser em São Paulo, é a única coisa que eu sei“, disse.

Bem, essa história de se encafofar aqui serve bem a artistas… Quando a venda de CDs já não garante o leitinho das crianças, vem pra SP e se candidata, é eleição na certa e você se pendura no orçamento municipal com um salário pra lá de quebra-galho. Facim, facim…

Quem sabe, né?

Solidariedade no câncer: por que não resta outra coisa

Matéria saída em O Globo na semana que passou:

O Ministério da Saúde, responsável pela política nacional de oncologia, tem fracassado nas ações para atender doentes de câncer, enquanto a doença avança no Brasil, com o envelhecimento da população. Conforme o tipo de tratamento, nem a metade dos pacientes que procuram o Sistema Único de Saúde (SUS) consegue assistência. E, num contexto em que o tempo é fundamental para a cura ou a sobrevida, a espera média pela primeira sessão de radioterapia chega a ser desesperadora: mais de três meses. Os dados constam de auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU).

Conforme o relatório, as unidades públicas de saúde deveriam ter atendido em 2010 169,3 mil doentes que necessitavam radioterapia, mas só 111,5 mil foram contemplados (65%). No caso das cirurgias oncológicas, os números são ainda piores: de 152,4 mil pessoas, 71,2 mil ou 46% conseguiram passar pelo procedimento. No Rio, os dados são mais dramáticos: só 41% dos pacientes tiveram acesso à radio e 29% às cirurgias. (continua)

Bem, eu não sou cabalística nem nada, mas quero ver o ano de 2011 longe. Nunca na vida acompanhei de perto tantos casos de câncer, tantos dramas.

E não é só por falta de acesso – caso de boa parte da população, que nem tem condições de fazer exames de rotina e detectar a doença no início.

Mesmo com o melhor plano de saúde do país, a criatura sofre uma via-crúcis, seja pela distância, seja pela burocracia, pelas viagens, seja pelas esperas, pela quantidade de gente a ser atendida em poucas e distantes unidades.

Por isso acho nada quando vejo um ser humano com exames, biópsia e início de químio em menos de uma semana.

Não se deu ao trabalho nem de pedir pelo amor de Deus pra ter desconto num exame mais profundo que custa meros 3 paus e 500 no Sírio, como aconteceu com uma amiga minha, que não podia esperar melo mesmo exame no Instituto do Câncer de São Paulo, único no Brasil a oferecer o mesmo exame, mas com uma fila de TRÊS meses.

Então, tudo de bom e seja feliz!

Eu quero é saber dos outros casos. Que talvez não mereçam orações nem trending topics na comoção nacional.

Aliás, a comoção nacional que vá para o inferno.

 

Lição de casa

Povo, vou me ausentar por uns dias. Coisa rápida, sábado estou de volta.

Enquanto isso, deixo essa “evolução” da imagem jornalística, para reflexão. O que essas imagens renderam, para o bem ou para o mal? Em que medida entrou em sua exposição alguma decisão ética (do direito ou do avesso)? Foram espetáculo ou deram lições? Houve alguma ruptura no significado de exibi-las? Quando?

(Por favor, considerem as fotos mais recentes ao lado dos respectivos vídeos. Não me sentiria bem em postá-los, como já não me sinto lá essas coisas com as fotos).

 

Pombas!

São Paulo é uma cidade até que bem arrumadinha. Tem canteiros, pra começar. Canteiros gramados e arborizados.

Acho que já disse aqui que houve um tempo em que eu não olhava para a cidade. Não percebia. Até que Ayrton Senna morreu e todos fomos liberados pra grudar os olhos na tevê quando seu corpo chegou à cidade-natal.

Imagens aéreas, o inevitável clima de comoção, a cidade inteira na beira do asfalto para prestar sua homenagem. E me dei conta de como as estradas aqui eram bonitas, as grandes avenidas com canteiros gramados e arborizados…

Assim é com as praças também. A gente anda por aí e vê, em maior ou menor grau, praças mantidas, com trabalhadores cortando grama, capinando, remodelando canteiros, podando árvores. Muito raro ver mato alto: depende do conceito de limpeza do governante, ou às vezes falha por um problema de contrato, enfim…

E acontece que desse jeito não estava bom.

Garis, por estratégia muito bem planejada, trabalham nas madrugadas, e as madrugadas não andam boas na cidade.

Ontem uma ameba matou dois garis (Roberto Pires de Jesus e Alex Damaceno de Souza) e feriu um terceiro (Ademir Abrantes Dantas) que trabalhavam de madrugada num canteiro da marginal. Pelo menos – PELO menos – foi preso por homicídio doloso. Talvez  saia mediante fiança, mas eu gostaria de duvidar. O assunto vem crescendo na opinião pública, cuja pressão em cima da legislação tem de resultar em algo decente.

E hoje, mais um acidente bem similar. Do G1:

Um motorista bateu contra uma máquina de varrição que limpava as ruas, na madrugada deste domingo (24), na entrada do Túnel do Anhangabaú, no Centro de São Paulo.

Segundo um operário, o motorista estava embriagado e, antes de atingir o veículo, bateu contra outro carro. O motorista fugiu do local do acidente. Ninguém se feriu. (íntegra)

Resta saber o que Prefeitura e governo do estado vão fazer: ou remanejam a manutenção, expondo os trabalhadores aos horários de pico, quando ninguém anda a mais de 30, ou intensificam a fiscalização dos PMs (que tiveram recentemente seu horário estendido até às 6 da manhã).

Assim não está dando.

Preparando o cafofo…

Mesmo em fase de saturação, São Paulo tem a maior oferta hoteleira da Amérca Latrina: 42 mil leitos (em 410 hotéis), seguida pelo Rio de Janeiro (28 mil) e Buenos Aires (18 mil leitos).

Daí você pensa: e a Copa?…

Um abraço para a Copa! Ninguém constrói hotéis para serem usados durante um mês. O problema é aqui e agora. Se até ano passado a taxa de ocupação na cidade era de 70%, hoje está na base dos 90%. Não está dando mais. Do Estadão:

Com a dificuldade de encontrar vaga nos hotéis da cidade, turistas que visitam São Paulo estão se hospedando cada vez mais longe – e lotando também hotéis da Região Metropolitana. No ABC, a ocupação média já bate os 90% durante a semana e as opções estão ficando insuficientes para tanta demanda. Em Guarulhos, a proximidade com a zona norte e os grandes centros de eventos, como Anhembi e Expo Center Norte, já garante quartos 99% cheios de segunda a sexta-feira. (íntegra)

Já tem gente abrindo as portas da própria casa para receber visitantes, e há muita gente se encafofando em motéis na falta de vaga melhor. 

Aliás, sugestão: os gloriosos 350 motéis da cidade poderiam se travestir em hotéis. Definitivamente. Quase dobraria a oferta de leitos.

Pode ser até que ganhem mais.  É só trocar a decoraçã

Mesmo assim, e brincadeiras à parte, São Paulo está precisando dar um plá em sua estrutura hoteleira. Peguei uma listinha lá no site da Prefeitura sobre a quantidade de turistas – só turistas – por evento – só os principais – da cidade:

  • Parada GLBT – 403 mil (2010)
  • Virada Cultural – 328 mil (2010)
  • Bienal do Livro – 290 mil (2010)
  • Salão do Automóvel – 200 mil
  • Bienal Internacional de Arte de São Paulo – 107 mil
  • Réveillon na Paulista – 100 mil
  • GP Brasil de Fórmula 1 – 85 mil
  • Hospitalar – 46,9 mil (2009)
  • Couromoda – 42 mil (2010)
  • Francal – 40 mil (2010)
  • Salão Duas Rodas – 40 mil
  • Carnaval – 32 mil
  • Mostra Internacional de Cinema – 30 mil
  • SP Fashion Week – 22,4 mil (2010)
  • Fórmula Indy – 21 mil
  • Adventure Sports Fair – 21 mil
  • Fenatran – 15 mil
  • Equipotel – 14,1 mil

E que ninguém avalie o número de turistas de cada evento em uma relação básica de “espalhação” na cidade. Compare, por exemplo, a Bienal do Livro, em que muitos se enfiam num quarto só, com o público diferenciado da Fórmula Indy ou Fórmula 1, que quer conforto e gasta pra caramba. Abaixo o din-din deixado por esses turistas na cidade.

  • Grande Prêmio Brasil de Fórmula 1 – R$ 238 milhões
  • Parada GLBT – R$ 188 milhões (2010)
  • Virada Cultural – R$ 142 milhões (2010)
  • Bienal de São Paulo (de Artes) – R$ 120 milhões
  • Salão do Automóvel – R$ 112 milhões
  • Hospitalar – R$ 98,9 milhões (2009)
  • Bienal do Livro – R$ 91 milhões (2010)
  • Francal – R$ 85 milhões (2010)
  • Fórmula Indy – R$ 80 milhões
  • Couromoda – R$ 73,5 milhões (2010)
  • Salão Duas Rodas – R$ 60 milhões
  • Réveillon na Paulista – R$ 50 milhões
  • Carnaval – R$ 51 milhões (2010)
  • SP Fashion Week – R$ 45 milhões (2010)
  • Mostra Internacional de Cinema – R$ 31,5 milhões
  • Fenatran – R$ 30 milhões
  • Adventure Sports Fair – R$ 20,4 milhões
  • Equipotel – R$ 3,4 milhões

Então, né?…

Imagino que Itaquera terá hotéis. E imagino o mesmo no Complexo de Pirituba, que – Kassab anunciou essa semana – vai sair.

Mesmo assim, estou pensado em remodelar o cafofo: compro umas beliches e levo minhas tralhas pra mamãe, que tal?

Refestelados no pudim

Diversão pura as notícias sobre o Enem em São Paulo e em todo o país.

Primeiro, a marca registrada do senhor Haddad: falta de informação causou confa em alguns pontos de prova.

Depois os clássicos e ridículos casos de dar com a cara no portão. Na foto (Luiza Sigulem, Folhapress), um ser já passadinho da faixa etária; aliás, muitos provectos nas fotos por aí).

Imagine, creditar o atraso “ao trânsito”, num ponto de provas que dá de cara com o metrô. Caso de fofolete que mora perto, mas que pegou carona com papis e ficou presa no trânsito (porque todo mundo fez o mesmo). Jade Nathy.ele, aaaaaai que preguiça!

Alguns foram pegos tuitando durante a prova. Vai ver nem estavam colando. Foi por hábito e ignorância mesmo (não leram as regras, os parágrafos eram muito grandes).

E o melhor: as provas estava difíceis porque tinham muito texto e os gráficos não eram coloridos, buááááááá!!!!!!!

Com essa dificuldade visual, fico só pensando onde entra a trigonometria nisso tudo.

É por essas e outras que fica muidifícirrr entender pra que serve o ensino, com suas ludicidades e facilidades, retardado-customized.

Os gráficos foram inventados justamente pro cero mano entender melhor. Mais que isso, né, neguinha?… Só se forem gráficos e tabelas comestiveis: um cor-de-rosa, outro azulzinho, outro amarelinho, com grandes discussões sobre sabor no fêici…

Depois todo mundo fica ofendido com notícias sobre a baixa produtividade do trabalhador brasileiro.

Trabalha como uma mula, trabalha mal e produz pouco. Porque é ignorante, não tem ferramentas (nem técnicas, nem mentais), custa caro e cultua um vitimismo cretino.

Tá boa, Romário?

Como diz minha sábia mãe, não tenho culpa de ter memória.

Foi em agosto que Romário, que atende pelo ridículo codinome de “baixinho”, lascou essa:

O incrível é que a Fifa ainda admite que São Paulo possa vir a ser sede da abertura da Copa. São Paulo precisa de obras de mobilidade. Eu definitivamente já teria descartado a cidade da inauguração”, afirmou Romário, criticando duramente o atraso no andamento das obras no futuro estádio do Corinthians, no bairro de Itaquera. (íntegra da patacoada aqui).

Bem, ele deve ser superentendido em engenharia e “mobilidade”. Talvez tenha sido ele a propor a Alckmin o novo sistema de tráfego Metrô-CTPM, que garantirá o esvaziamento do Itaquerão em 30 minutos:

Em apresentação de três novos trens da linha 3-vermelha do Metrô de São Paulo nesta sexta-feira, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) disse que a instalação de um novo sistema de controle de tráfego no Metrô e na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) vai permitir esvaziar o estádio Itaquerão (zona leste de SP) em cerca de 30 minutos após jogos da Copa do Mundo.

Segundo o governador, o CBTC, novo sistema de controle e comunicação do tráfego, deve diminuir em quase 20 segundos o tempo de viagem entre as estações da linha 3-vermelha, que cai dos atuais 103 segundos para 85 segundos, uma diminuição de 17% caso alcançada. O sistema tem previsão de ser instalado até dezembro de 2012 em todas as linhas do metrô. (íntegra)

Já as viagens na linha 11-coral da CPTM, acessível através da estação Corinthians-Itaquera, irão dos cinco minutos atuais para três minutos com o novo sistema, segundo o secretário de Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes. Com isso, deve haver um aumento de 16 mil passageiros transportados por hora, de acordo com o governo.

Com seis vagões cada, os novos trens têm ar-condicionado, câmeras de vigilância, sensores de fumaça, monitores audiovisuais e novos sistemas do monitoramento do tráfego. Eles fazem parte do lote de 98 trens que serão modernizados até 2014, segundo o governo.

O CBTC, junto ao aumento da frota de trens, vão permitir um ganho no número de passageiros transportados, que irá de 60 mil pessoas por hora para 80 mil pessoas por hora na linha 3-vermelha, segundo o governo.

Somados o número de passageiros possíveis na linha 4-vermelha do metrô e na linha 11-coral da CPTM (40 mil), a capacidade das linhas chegam a 120 mil por hora. Com 60 mil passageiros a cada meia hora, o número fica um pouco aquém do anunciado, já que o novo estádio do Corinthians tem capacidade prevista para 68 mil pessoas.

“Esses ganhos serão permanentes e começarão bem antes da Copa”, disse o governador.

 

Gostei!

Bonita imagem!

Todo mundo junto, sem cordão de isolamento, sem complexos estamentais; nem de operários, nem de autoridades nem de celebridades. 

Quem é de uniforme com uniforme, quem é de crachá com crachá, que é de povo como povo, quem é de terno preto com terno preto e quem é de carisma apenas com carisma.

Obras sem atraso, sem greve, sem fome, sem acidente-estopim.

Tudo encaminhado – com o mais importante: o plá em Itaquera -, ficamos no aguardo da grande final da Copa no Maracanã.

Uma aposta: Papua Nova Guiné 1 X 0 Azerbaijão.