A jornalista Claudia Matarazzo e a publicitária, psicóloga e vereadora Mara Gabrilli (outras duas bonitonas) lançam esta semana o livro Vai encarar? A nação (quase) invisível de pessoas com deficiência.
Qualquer iniciativa do gênero é bacana – embora eu continue achando que a taxa de reprodução dos tapuias é infinitamente maior que a de pessoas com algum senso de alguma coisa. Em todo caso, sempre tem uma Merdilaine distraída com acesso universal a tudo – quem sabe ela larga a Sabrina um pouco e começa a se dedicar aos bons modos?
Não é que as pessoas agem com maus modos. É que há uma boa dose de ignorância e até de estupidez mesmo. Nada que não possa ser consertado.
Começa pela linguagem: ninguém é ceguinho, ninguém é aleijado, ninguém é retardado, ninguém é manco, ninguém é maneta, ninguém é pestaloide (como diz dona Osm sobre os frequentadores da Sociedade Pestalozzi), ninguém é mongoloide. Tem maneira certa de se referir aos deficientes de toda ordem.
Um passeio em qualquer linha do Metrô já pe suficiente pra ver o povaréu se portando como se o deficiente fosse um ET. Ou resolve rir quando duas pessoas conversam em linguagem de sinais. Ou fala alto com cegos; com surdos (!). Ou trata deficientes mentais ou vítimas de AVC como se fossem crianças: “Oooooooi!!! E aíííí, tá melhooooooooor?”.
São Paulo é uma cidade que já se preocupa razoavelmente com o acesso universal. As novas construções já se fazem prevendo esse direito, e outras tantas são especialmente reformadas para tal. O Metrô aparentemente está ok, pelo menos nas estações mais movimentadas. Calçadas da Paulista, também. Mas há muito a fazer, suponhamos, no resto da cidade.
(Outro dia mesmo me pilhei numa situação no inominável elevador da Livraria Cultura, que é indecente de tão pequeno e fubá: uma funcionária cadeirante quase caiu quando saía e as portas se fecharam, trancando e desestabilizando sua cadeira de rodas. Aquilo é indecente, principalmente para um estabelecimento com, sei lá, um, dois anos de construção/reforma.)
Precisariam bolar alguma coisa para as nossas outras calçadas, especialmente aquelas em declive (nesse caso, fazer um transplante de cérebro em alguns construtores…), e ajeitar o asfalto diariamente maltratado por veículos pesados e que tais. Mas aí já não depende tanto da vontade da Prefeitura…
Separei uns sites úteis sobre como lidar pessoalmente com deficientes. É sempre bom revisar o que a gente faz ou deixa de fazer quando está diante do que foge à nossa rotininha distraída:
- Secretaria dos Direitos da Pessoa com Deficiência (como lidar com diversos tipos de deficiência).
- Orientações no Relacionamento com Pessoas Cegas – Instituto Benjamin Constant.
- O que é e como lidar com portadores de síndrome de Down.
- Sociedade Pestalozzi.
- Como conduzir cadeiras de rodas.
- Lançamento: Vai encarar? A nação (quase) invisível de pessoas com deficiência: próxima terça feira, dia 2 de junho, na Livraria Cultura da Paulista às 19 horas (mas não pegue aquele elevador. Vá de rampa). Entrevista de Sonia Racy com as autoras aqui.