Tirando o atraso

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Pobre – aquele pobre de espírito mesmo – quando acha que melhorou ninguém segura, não é mesmo?

Como todos sabem, a ministra da Secretaria Especial da Presidência da República para Políticas de Promoção da Igualdade Racial (prrrirrrrrr!!!!!!) deitou e rolou com o primeiro cartão sem limite que lhe chegou às mãos. Não bastassem as compras no freeshop, ela gastou com aluguel de carros, restaurantes e hotéis tudo com que sua humilde infância jamais poderia sonhar. Ao todo, lhe bancamos o recorde de R$ 171 mil, um número que, além de sugestivo, deixou de ser gasto com hotéis, restaurantes e freeshops – os de nossa escolha. 

Matilde nasceu em Flórida (!!) Paulista e teve uma infância e juventude muuuuuito sacrificada, inxcrusive para estudar. A essa altura do campeonato, já morava em Osasco, uma região marromenos aqui de São Paulo, com cerca de 1,6 milhão de habitantes – todos trabalhando e achando sua vida muito normal. Menos Matilde.

Filha de roceiros, ela trabalhou como faxineira, baby-sitter e fez bicos até conseguir seu primeiro emprego de carteira assinada, e entrou pra facurdádji: fez Serviço Social na PUC de São Paulo. Aí entrou para o PT e, em troca da militância ferrenha, ganhou essa boquinha no Governo Federal, jurando de pés juntos que faria avanços para negros, palestinos, ciganos, índios e judeus (é; a secretaria foi criada pra isso).

Sei lá que preto-véio que lhe baixou que ela mandou as outras raças às favas e agora só pensa naquilo: vinganza. Vingança da branquela que lhe chamava de neguinha na escola. Vingança concretizada depois de anos de envenenamento, tanto de negros como de brancos.

Uma coisa meio “eu sofri, por isso quero que todo mundo se dane”. Isso ficou patente não em uma, mas em várias de suas afirmações. Como quando disse que “é melhor que haja brancos ressentidos por terem nota, mas não terem vaga, do que não haver negros no ensino superior”. Ou então na famosa “é normal que negros se insurjam contra brancos”.

Coisa típica de gente (branca, negra ou amarela) com um ego enorme. Seus gastos estrondosos e vingativos no cartão corporativo não podem ser debitados de seu trabalho. Ela gastou para si. Para ela se sentir melhor, para se sentir igual a um… branquela.

Se eu estivesse no lugar dela lutaria com todas as forças para ser como Martin Luther King. Esse sim tinha inteligência superior, educação e… compostura.

Fonte: Uma entrevista de texto muito cafona na Caros Amigos (blargh!!).

Olha a cândida, olha o sabão rosa…

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Pós-almoço. Tudo calmo aqui em frente de casa. Até os passarinhos foram tirar uma pestana.

De repente, uma voz embolada em um alto-falante de quinta mão: “olha a cândidaaaa (crrr), olha a pasta não-sei-do-quêêê (crrr), olha o sabão-são-sei-que-láááá” (crrrr). Esses caras insistem, mesmo depois da proibição deste tipo de comércio, típico do rincão do deus me livre.

Mas até que melhorou: uns anos atrás, tinha um cara que colocava sempre a mesma música, que eu não identificaria nem que soubesse de toda a parada de sucessos de Fiofó do Mato Dentro. Era algo inaudível, no sentido técnico da coisa.

E os morangos de Atibaia? “Estamos aqui na porta de sua casa. Venha rápido. Precisamos atender ooooooutras freguesias”.

E a pamonha de Piracicaba? “Você dona de casa. Você criança. Você que está passando…”

Deram uma bela sumida.

Só restou mesmo esse energúmeno, e ele continua passando porque as tontas compram esses produtos adulterados. Você consegue imaginar cinco litros de água sanitária (que pra gente se chama Cândida) a dôi reáu? Pois é. Nem eu. Mas olha que a coisa melhorou. Pelo menos na parte publicitária. Uns anos atrás ele abria sua peça de marketing com o trecho mais conhecido de Eine kleine Nacthmusik, com um chiado que faria Mozart se revirar em sua vala comum. Como a coisa começa de repente, era um susto para a vizinhança inteira, e quando eu voltava a mim pensava imediatamente no coitado do cara (o Wolf, não o vendendor de Cândida) e se hoje ele teria torturas existenciais ou cairia na gargalhada ao presenciar um troço desses. 

Mas São Paulo ainda tem muito dessas coisas. Eu só não me incomodo com o vendedor de biju (plac-plac-plac) e com o amolador de facas (com aquele ruído estridente), porque ambos me remetem à infância.

Mas no fundo quero que todos se danem. Porque eles não pagam impostos. Porque eu pago impostos.

Muitchinterssanti

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A Rede de Informação Tecnológica Latino Americana (Ritla) divulgou esta semana um estudo interessantíssimo sobre a violência no país. O “Mapa da violência dos municípios brasileiros 2008”, referente ao ano de 2006, aponta que mais de 70% dos homicídios são praticados em apenas 10% dos municípios. Em termos absolutos, São Paulo ganha, é claro: foram 2.546 mortes, porque a cidade é apinhada de gente. As demais nessa lista são todas capitais, que também têm gente saindo pelo ladrão.

Em termos relativos, entretanto, a realidade é outra: São Paulo nem aparece no ranking das cidades mais violentas. A primeiríssima é Coronel Sapucaia, no Mato Grosso do Sul, seguida de outras do mesmo naipe.

Mas, para as correntes de oposição política, valem os números absolutos. Não interessa a elas saber que as polícias daqui, tanto a civil como a militar, agem. Têm seus defeitos, é óbvio, mas são muito mais atuantes comparadas com a segurança de outros estados, ainda mais porque tem a tarefa pepinesca de lidar com uma cidade contrastadíssima, em que a violência ocorre em vários níveis sociais, de motivação, etc.

Agora eu entendo o delegado Nico, supervisor do Garra (Deic), da Polícia Civil, quando ele fala com desdém de chamados para apartar briga de vizinhos. Claro: ele tem mais o que fazer.

  • Fonte: G1.

  • Foto: O delegado Osvaldo Nico Gonçalves, recebendo a medalha MMDC em 2005 de um veterano da Revolução Constitucionalista. Não, ele não está enfastiado. Não, ele não está cansado. Essa é a cara dele mesmo.

PS.: Tendo em vista a repercussão sem-vergonha dessa pesquisa e a atribuição, pelos seus organizadores, da atuação de ongs (!?) à queda da violência em São Paulo, sugiro o excelente artigo do Renaldo Azevedo de hoje sobre o tema. 

Faço “questã” de divulgar

Foi o Rico que me passou a bola, com o seguinte texto:

Foi um sucesso a marchinha do Bolsa-Família, do brasiliense Vasco Vasconcelos, cantada pelo cantor pernambucano Almir Rouche no 31º baile do bloco Siri na Lata, em Recife. O bloco resolveu homenageá-lo ao saber que sua canção tinha sido censurada no II Concurso de Marchinhas Carnavalescas, divulgado pelo Fantástico e patrocinado pela Petrobras e Ministério da Cultura. Quase dez mil foliões dançaram ao som da marchinha.”

Como não tenho conseguido trazer vídeos pra cá, lá vai o link:

http://www.youtube.com/watch?v=PgpNYGlDw8c

Como hoje vou morrer em um pau e meio por conta de turvações burocrático-bagunceiras (o Fábio Max sabe do que se trata),  fico pensando:

Será que a quantia será suficiente para uma mequetrefe qualquer se satisfazer em um free-shop?

Ou algum zé-ruela poderá, com a grana, sentar de vez no pudim?

Tudo bem, mas a roupinha…

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Ano que vem já será lugar-comum nas escolas de samba, mas neste ano a Acadêmicos do Tatuapé está causando com a criação da função de rei de bateria. Daniel Manzioni é professor de musculação, tem 33 anos e é escoladíssimo no samba. Até aí tudo bem, porque, ao que parece, ele não faz a linha “a ave-do-paraíso no reino deslumbrado do imperio do sol”. Coisa pra mulherada ver mesmo.

Mas essa roupitcha, valha-me Deus! Começa que simula uma cintura, né… Depois, está muito feminina, muito madrigalesca azul-céu! Sei lá se é com isso que ele aparecerá na avenida, e sabe-se lá a coreografia que impingiram ao rapaz.

É caso de analisar. Em todo caso, acho que no ano que vem vão repensar a parafernália do conceito. Eu não gostei, não…

  • Foto: (Fernando Pereira, AE).

Kassab está animado, hein!

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Como se sabe, o turismo de São Paulo é voltado para negócios. E acho isso muito bom, porque quem vem a negócios não faz farofa nem se vira em puxadinhos de parentes. Gasta, e gasta a valer, o que é ótimo pra cidade.

A gestão do prefeito Kassab resolveu construir um Anhembi muito maior que o atual, que já é grande demais. A nova área, reservada entre os distritos de Pirituba e Jaraguá, nos confins da Zona Oeste da cidade, tem 4,9 milhões de metros quadrados, e abrigará uma arena multiuso para 40 mil pessoas e um centro de convenções. A Emurb é responsável pelo projeto, que não se sabe ainda quando ficará pronto, e a grana virá de parcerias público-privadas.

Por mim, belê. Qualquer paulistano, seja ele rico ou pobre, sabe que pode tirar oportunidades disso. Desde um hotel tipo Formule 1 até um quilinho bem jeitoso, o fato é que o novo empreendimento trará benefícios para a região, que hoje é muito pobre e se caracteriza por ser apenas uma região-dormitório. Fora os benefícios para a própria Prefeitura. No ano passado, só de ISS o turismo de negócios rendeu R$ 114 milhões de reais ao Erário. E na economia paulistana em geral, as feiras injetam R$ 2,6 bilhões, que beneficiam quem trabalha direitinho e reinveste no negócio.

São oportunidades. Quem tem visão e não tem preguiça, aproveita. O resto, babau, Nicolau!

Só rezo pra que o sucessor de Kassab, ele-mesmo ou outro qualquer civilizado, leve o projeto adiante. Porque se vier o PT, já se sabe o que vai acontecer. Vão enterrar a coisa como Erundina fez com o buraco do Jânio.

 

Incompatibilidade de raciocínios

Eu já tinha comentado aqui sobre a luta quase solitária de Marcelo Vitorino, publicitário que mora do Bixiga e que acha o fim da picada a barulheira impune que a Escola de Samba Vai-Vai impinge aos moradores do local. A Prefeitura acabou fazendo sua parte depois que o assunto chegou à imprensa: lacrou a quadra. Mas não tem importância: o pissoal continuou ensaiando fora da quadra, sob os auspícios do Ministério Público.

E assim caminhou até hoje, às vésperas do Carnaval. O modo de raciocinar brasileiro é tão sui-generis que o tema da Vai-Vai para este ano fala de corrupção, de políticas educacionais, de cinismo e envolve uma discussão sobre a qualidade de vida. E ai de quem reclamar do barulho: “racista, racista!”

Não é brinquedo, não! Durma-se com um conceito desses! A luta inglória do Marcelo Vitorino está aqui.

O Iraque é aqui

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Eduardo Suplicy sai de uma pra entrar em outra. Ontem, no serviço que marcou os 454 anos da cidade, bateram-lhe a carteira em plena Catedral da Sé. Ele e sua irmã Michael Nolan ficaram a ver navios em 30 reáu, 200 euros, 500 dólares (que Suplicy esquecera de tirar da carteira depois de sua viagem ao Iraque pra cantar Blowin’ in the Wind) e mais a carteira e objetos pessoais dela.

Eles estavam sentados junto ao Secretário de Segurança Ronaldo Marzagão e do senador Romeu Tuma, mas Michael jura por Deus que o furto aconteceu mesmo foi na fila da eucaristia. Suplicy também pondera que ficou quase uma hora levando tapinhas nas costas depois da missa, e numa dessas podem ter dado um tapinha no seu bolso também.

Michael Nolan, de 66 anos, é freira e advogada de… Julio Lancelotti e, como ele, custa a crer que algum pobre tenha sido o autor da batidinha. “Pobre respeita a igreja”, disse Michael.

Já que pobre respeita a igreja, deve ter sido um rico, o que põe abaixo todo um sistema de raciocínio segundo o qual só rouba quem tem necessidádji.

Mas o que me encasqueta mesmo nessa história toda é a freira dublê de advogada. Pode, é? Freira não é aquela que doa todos os seus bens e seu tempo e sua devoção à Igreja, e que vira noiva de Cristo? E a grana que Lancelotti lhe paga, vai pra onde?

Quem quer bacalhaaaaauuuuu???

Excesso de pudor estraga a gente, não? Eu levei horas até me decidir a postar estas fotos pra vocês, me perguntando por que faria isso, qual a utilidade desse tipo de registro, de que vale mostrar qualquer faceta da miséria humana, etc. e tal. Mas hoje, ao abrir o jornal, deparei com fotos fantásticas da fronteira com o Egito, incluindo a de um camelo içado, mal e mal amarrado pra ultrapassar o muro. Então… Se qualquer fotógrafo de guerra consegue dormir depois de um dia de trabalho, e até editar livros belíssimos para estantes de madames, quem sou eu para me atormentar?

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Ontem São Paulo fez 454 anos. Nada de excepcional nas muitas comemorações. Cismei de ir lá ver o bolo do Bixiga. Rick quis ir junto, coitado! Fomos para lá com espírito turístico, claro. Saímos de lá assombrados com que vimos ao vivo e nos sentindo o cocô de quem comeu o bolo. De qualquer maneira, aqui estão nossas impressões. Não sei o que foi pior: o petácolo ou a qualidade das fotos que saíram da minha máquina. As fotos do Ricardo estão bem melhores.

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É preciso explicar que o público que se submete a isso não é esfomeado. Estavam todos com seus celulares e seus carrinhos, muitas vezes melhores que o meu (o celular e o carrinho).

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Chegamos lá às dez pras onze, crentes que o bolo só seria detonado ao meio-dia. Adiantaram o troço, e pegamos só o minute after. E já deu pro gasto. Multidões indo embora com seus sacos plásticos, com seus tupperwares gigantes; até um tanquinho de plástico nós vimos. E quem não obteve a graça de passar o braço na mesa catou foi do chão mesmo.

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Cinegrafistas emporcalhados. Este da Gazeta atendeu a nosso pedido a bem da informação nacional, porque estava com cara de pouquíssimos amigos. PMs amuados em um um canto, rezando praquilo passar. E nós dois lá, morrendo de vergonha.

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Quem inventou essa história de bolo foi o Armandinho do Bixiga, e essa esparramação já era prevista. Eu não sou tão humorada assim, não. Acho que por trás desse comportamento se esconde algo muito sério, a começar pela falta de pudores com a educação, e pela total indiferença dos maiores`às manifestações gratuitas de miséria humana.

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Ronaldo Ésper estava lá, todo lambuzado, com o Christian Pior e a equipe da Rede TV.  A lambança vai direto pro Pânico na TV de amanhã.

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Diante disso tudo, resolvi relaxar. O apresentador de tevê põe a cabeça no travesseiro depois de interagir com sua platéia. Os meninos do Pânico também. Os coadjuvantes, então… devem ter dormido muito bem, porque o bolo é feito nos melhores parâmetros do respeito ao semelhante. Por que eu, justamente eu, ou o Rick, vamos ficar pensando na morte da bezerra?