Então. Como disse ontem, Raquel está convidando para a inauguraçã de sua página sobre a escritora britânica Jane Austen, um dos raríssimos sites em português do Brasil e, creio, o único da Paulicéia.
Eu gosto de Jane Austen, amadoristicamente, é claro. Li uma ou outra coisa dela, com os respectivos filmes e seus respectivos cenários e seus respectivos Mr. Darcys maravilhosos, etc. e tal.
Seus livros são histórias de amores. Não, não exatamente de amores, mas das milhões de tramas – sociais, fofoquísticas, econômicas e territoriais que podem traçar o destino de moçoilas prendadas cuja melhor qualidade deve ser a organização no trato doméstico – coisa que não tenho, mas admiro. E os textos, em inglês ou português, têm construções muito eficientes pra quem não tem muito domínio de sintaxe e quer logo um tratamento de choque.
Se você der uma passeadinha por Jane Austen em português, verá que há sites e organizações relevantes em torno de Austen e sua obra, que promovem até encontros de fãs – é quase um Bloomsday, só que regado a chá, I presume. E há um link também com um teste, que faz umas continhas e diz qual personagem de Austen você seria. Eu fiz o teste e, claro, deu Elinor Dashwood, porque minha bagunça não chega aos pés do meu senso de retidão de caráter.
E, para quem acha isso tudo uma conversinha de comadres, sugiro a interessantíssima leitura de Atlas do romance europeu 1800-1900, de Franco Moretti (São Paulo: Boitempo, 2003), em que o autor analisa os movimentos geográficos (e, por conseguinte, econômicos e sociais) sempre presentes não só na literatura britânica (Austen, Dickens e Conan Doyle) como também em Balzac, Émile Zola e Cervantes.
- Photo: Razão e sensibilidade (ô, tradução estranha…): Elinor Dashwood (Emma Thompson) não perde sua genuína e elevada paciência com Edward Ferrars (Hugh Grant), e seu caráter elevado é compensado no final com a dedicação eterna de seu amado (sem Divine Brown no meio, porque Jane Austen nem sabia dessas coisas).