Aproveitando o incêndio, vamos fazer uma restrospectiva cognitivo-simbólica de nosso mais novo hóspede bolivariano.
Antes, é preciso dizer que a coisa mais importante numa memória, numa retrospectiva, é o respeito ao contexto. Então, não me joguem pedras, plis!
O Muamar Kadafi de minha xuventude era esse (plaft)!
Naquele tempo, ninguém tava ligando muito pras filigranas entre ditadura de direita, ditadura de esquerda, nada disso, porque esses assuntos simplesmente não existiam no ensino secundário. Ditador pra gente era Idi Amin Dadá e pronto. Além de Kadafi fazer o tipo feioso sexy – a gente (digo: a mulherada) achava o máximo seu pulso firme, sua cara má e esburacada -, ainda tinha toda a doutrinação escolar. Sem internet, por óbvio. Nossa rede social era correr de mão em mão isso aí:
Além do mais, vamos concordar que quando jovem Kadafi era – como se dizia no meu tempo – um gatinho:
Daí o tempo passou e a gente descobriu que tinha mais o que fazer da vida. Nunca mais se ouviu falar de Kadafi, porque aprendemos a fazer arroz e feijão, cuidávamos da carreira, dos filhos, do marido, enfim. Até que veio a ternéti e a gente deparou com isso aí:
Que coisa, não? Os penduricalhos se multiplicaram sobremaneira, tirando aquele ar sóbrio-missionário e botando por terra todo aquele conceito idiota que tínhamos a respeito dos grandes frissons de nossos professores de sociologia.
Hoje, entre um compromisso e outro, damos rápidas olhadas nas notícias por aí e deparamos com um Kadafi de guarda-roupa desespartanizado. Eu arriscaria dizer que Kadafi encaubyzou-se.
A imprensa cordial diz que isso aí é um visu étnico.
É. De fato, às vezes pode parecer mesmo.
Mas eu acho que não é só isso, não.
Vamos combinar que, hoje, Kadafi é uma arara de brocados, tafetás e cetim. Não sei o que o fez botar tudo pra fora do armário desse jeito. Perdi essa parte da História com H maiúsculo. Como disse, estava ocupada com outras coisas.
Algum menino aí para me explicar?
* A verdade nua e crua é, no presente momã, a expressão preferida de Periquito Augusto. Tudo pra ele é a verdade nua e crua. Antes de qualquer afirmação, lá vem o “a verdade nua e crua é que…”. Então, fica aí o carinho da titia.