Um salve pro Kassab

A partir de segunda-feira, no more caminhões na Marginal. Pinheiros. Todos terão de se virar no trecho Sul do Rodoanel.

A medida, baixada pelo prefeito Kassab, proíbe caminhões nas avenidas Roberto Marinho e Bandeirantes e na marginal Pinheiros das 5h às 21h de segunda a sexta, e das 10h às 14h aos sábados.

A multa será de R$ 85,12 (acho pouco), mais quatro pontos na carteira, e terá um período de adaptação: só será aplicada após 30 dias.

Em compensação, a prefeitura também anunciou o fim do rodízio par/ímpar dos  veículos urbanos de carga (VUC), atendendo a  reivindicação do setor. A obrigatoriedade de cadastro na Prefeitura, porém, permanece. Eles poderão circular na zona de máxima restrição, no horário permitido (das 10h às 16h e das 21h às 5h). Estarão liberados aos sábados em qualquer horário – até então enfrentavam restrição das 10h às 14h.

As motos serão proibidas na via expressa da marginal Tietê. Também haverá um período de adaptação, sem cobrança de multas. (Folha)

Quando reaprendi a dirigir (reaprendi, não. Tirei carteira aos 18, mas aquilo não merece registro) decidi que enfrentaria qualquer coisa. Muitas de minhas amigas dirigem desde sempre, e acho o cúmulo que só façam o caminho da roça. Algumas delas não pegam grandes vias como a Marginal, por exemplo, e se tiverem de fazer um trajeto novo, não sabem. Não queria ficar assim. Carro é pra ter autonomia, não pra engordar o traseiro.

E assim foi. Pedi a meu instrutor, o Vavá (sim, ele tinha um grupo de pagode nos finais de semana)  para ir para a Marginal. Depois, já sozinha, sentia um certo medinho, que foi se dissipando com o tempo.

Hoje entro na Marginal e circulo de pista em pista como quem escova os dentes.  A única coisa com que tomo cuidado, pra falar a verdade, é com os motoboys, que são, em sua maioria, desmiolados rumo à morte.  Mas  logo logo eles também serão defenestrados, pelo menos das pistas rápidas.

Caminhão? Não tenho medo, não.  Eles são é chatos, porque têm um ego maior que a carroceria que arrastam. E, como no futebol, tem o lance sexual: se você, mulher, por exemplo, entra na Marginal na frente de um deles, pode ter certeza que daqui a pouco ele vai te ultrapassar: sentem-se meio que ofendidos e humilhados enquanto machos.

Agora, se você ultrapassa o cara por algum motivo, cada um em sua pista, na boa, aí é indesculpável: o cara vem com tudo até conseguir  jogar poeira na sua cara. Te dominar, tendeu? Mostrar que é mais forte, e tal. Meu pois-é é um Unozinho. Pobre porém honesto. Não  faz grandes velocidades, e acho que eu não ultrapassaria os 80 por hora na Marginal nem que a legislação permitisse e eu tivesse um carrão. Então, a única cousa que posso dar a um caminhoneiro irritado é Tchau! Vai com Deus e parabéns!

Mesmo assim, alvíssaras! A Marginal sem veículos pesados volta a ter sua função original. Até porque não há asfalto que chegue pra tanto peso, e os caminhões andavam por lá como num parque de diversões: não respeitavam as pistas da esquerda e faziam o que bem entendiam, com suas carrocerias enormes e seu cérebro (e outras coisinhas mais) pequeno.

Pro pessoal da mesada

Sabe como é: quando você ainda recebe mesada, vê o mundo de maneira florida. É um bebê sem experiência e acha tudo o que ouviu em sala de aula muito legal, sem ligar para o conselho chato dos mais velhos, não é verdade?

Está em vias de acontecer o 16.º Foro de São Paulo, desta vez no Uruguai. Malgrado o nome escolhido para essa quizumba – o que muito me envergonha -, o evento fica por aí, de país em país, discutindo uma coisa que nunca ninguém pediu: a implantação do socialismo na América Latina.

Matéria no Estadão de hoje:

[…] O secretário executivo do Foro, Valter Pomar, da ala mais à esquerda do PT, afirmou que as Farc nunca participaram dessa instância das esquerdas da América Latina e do Caribe. “Os partidos de esquerda latino-americanos estão implementando estratégias que combinam luta eleitoral e luta social. A maioria desses partidos apoia, na Colômbia, o Polo Democrático Alternativo, que já disputou duas eleições presidenciais”, argumentou. As Farc, na visão dele, preferem conduzir a guerrilha. […] (íntegra)

Mentira da grossa. Todo mundo sabe, a partir de afirmação das próprias Farc, que o Brasil está coalhado de representantes da organização terrorista. Não precisa nem fazer uma pesquisa exaustiva. Em entrevista de 2003, na Folha, Raúl Reyes, farquista morto em 2008, diz, com todas as letras que  Emir Sader e Frei Betto, por exemplo, representam a organização nesses encontros.

Folha de S.Paulo – Fora do governo [*], quais são os contatos das Farc no Brasil?

Reyes – As Farc têm contatos não apenas no Brasil com distintas forças políticas e governos, partidos e movimentos sociais. Na época do presidente [Fernando Henrique] Cardoso, tínhamos uma delegação no Brasil.

Folha de S.Paulo – O sr. pode nomear as mais importantes?

Reyes – Bem, o PT [*], e, claro, dentro do PT há uma quantidade de forças; os sem-terra, os sem-teto, os estudantes, sindicalistas, intelectuais, sacerdotes, historiadores, jornalistas…

Folha de S.Paulo – Quais intelectuais?

Reyes – [O sociólogo] Emir Sader, frei Betto [assessor especial de Lula] e muitos outros. (íntegra).

[*] A entrevista foi feita em 2003, e deixa bem claro que o próprio governo Lula apoia as ações das Farc. Milhões de brasileiros, na época, depositaram sua confiança em um partido que apoia todos os sequestros e ações sanguinárias desse movimento na Colômbia;  que mais tarde declarou seu apoio ao governo do Irã, que apedreja mulheres; que apoia a censura e o aniquilamento da imprensa, não só por tentativas internas, mas por ser amigo de Hugo Chavez, que arrasou com a liberdade de imprensa em seu país. Que apoia a prisão por “crime de opinião” em Cuba.

Você já pensou se o Brasil não tivesse instituições fortes que rechaçassem os desejos socialistas do PT? A polícia de São Paulo não poderia ter esmagado o ataque do PCC (ligado às Farc) em 2008, e você nem ficaria sabendo porque não haveria imprensa livre. Mais: se você ficasse sabendo e achasse o ataque ruim, poderia estar encarcerado por divergir do governo. E mais: se você fosse mulher e, enjaulada por anos, se engraçasse com um companheiro de cela bonitão, poderia ser apedrejada por ter traído seu marido emir-sádico.

Não ia ser legal o socialismo?



Mercadante, Mercadante…

Ricardo me passa essa, do Uol:

[Aloizio Mercadante, em sabatina,] afirmou que não teve melhor sorte na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes em 2006 porque “o paulista é muito exigente, muito pé no chão”.

Puxa vida…., o que dizer? Talvez agora ele entenda por que Serra ganhou em 2006 e por que Alckmin tem hoje quase 50% da preferência do eleitorado “exigente e pé no chão”…

Taí uma boa ideia. Por que Mercadante não vai tentar algo em outro estado?

O operariado vai aos céus

Depois de dois anos em reformas, a cobertura do Edifício Martinelli reabriu à visitação pública esta semana.

Se antes a visitação ocorria durante o horário comercial do prédio, junto com o guarda mas sem maiores salamaleques, agora a cobra fumou: somente às segundas, terças e sextas-feiras, entre 9h30 e 11h e 14h30 às 16h. Aos sábados, somente entre 8h30 e 13h. E só podem subir 10 pessoas por vez. Durante 15 minutos, e só.

O Edifício Martinelli foi projetado pelo empresário italiano Giuseppe Martinelli, que chegou aqui no século XIX como açougueiro, enriqueceu e fundou a companhia de navegação Lloyde Nacional. Depois resolveu investir na construção civil, e aí está: mais de 600 ceresumanos trabalharam na edificação de seu prédio, ao longo de cinco anos. A inauguração dos 12 andares iniciais, em 1929, causou certo terror à população, que nunca tinha visto algo tão alto. Pudera: foi o primeiro arranha-céu da América Latina. Anos depois, já contava com 30 andares. Para provar que aquilo não cairia, a própria família Martinelli construiu uma villa no último andar, onde dava festas de arromba, para horror da patuleia sem-elevador.

Tempos depois, Martinelli se mandou pro Rio e lá construiu inúmeros prédios, quando o termo “arranha-céu” não era mais novidade.

O Edifício Martinelli também teve papel importante na Revolução de 1932, quando instalou-se em seu terraço uma bateria antiaérea contra os ataques getulistas.

Durante a construção, Martinelli ficou sem grana e foi obrigado a vender uma parte do empreendimento ao Istituto Nazionale di Credito per il Lavoro Italiano all’Estero, do governo italiano. Foi o que bastou para o ditador Getúlio Vargas tungar o prédio, durante a Segunda Guerra. Apenas em 1975 a prefeitura paulistana o desapropriou, e desde então o prédio vem abrigando secretarias municipais e estaduais, além de entidades ligadas à vida pública, como partidos e sindicatos.

Tenho duas fotos relativamente grandes do Martinelli, tiradas pelo meu avô a partir da avenida São João, em 1929. Pena que não posso mostrar aqui. O motivo não é ligado a direitos  autorais nem nada. É por ciúmes mesmo. Quem sabe um dia eu venço essa criancice e mostro…

  • Fotos: Acima (Caroline Hasselman/G1): visão desde o Martinelli da parte mais feia da cidade, cujo símbolo é o edifício Mercúrio, esse verdinho bem no centro da foto. Abaixo (edm via Wikipedia): o terração. Bacana ele, mesmo antes da reforma.

Greenwashinismo…

Já disse por aí, não lembro onde, que acho Marina Silva uma candidata vestidona de verde. Até aí, beleza, porque os comerciais da Natura são uma graça mesmo.

Daí para o resto de si mesma, vai uma grande diferença.

O mesmo acontece com produtos greenwashed, aqueles com uma roupagem “verde” mas que são feitos no mais deslavado jeito antigo de emporcalhar o mundo.

Não custa nada reproduzir a listinha que saiu no caderno Mercado, da Folha, sobre a prática do greenwashing. Só pra você não ficar “se achando” quando na verdade está sendo embrulhado (comento em vermelho).

10 EVIDÊNCIAS DE “GREENWASHING”

1 Linguagem “fofa: Usar termo sem significado claro. Ex.: “amigo do planeta”. [uhhh, sei qual é. É um detergente de cozinha]

2 Produtos verdes x empresas sujas Ex.: Lâmpadas eficientes feitas em fábrica poluidora de rios. [Não sei. Lâmpada é um mal necessário, seja ela fabricada do jeito que for]

3 Imagens sugestivas Imagem “verde” sem justificativa, como flores saindo de escapamento de carro. [ah, tb. não sei. Mas lembrei da versão fake da Colônia de Alfazema]

4 Crédito irrelevante Enfatizar atributo ecológico mínimo quando o resto do produto não é verde. [mas, batata!, a embalagem é]

5 Melhor da classe? Declarar produto como o melhor de uma categoria que tem péssimas referências. [tá vendo? Tem de decorar listinha]

6 Improvável Produto nocivo passa por ecológico. Ex.: cigarro “verde”. [verde? só pode ser de maconha, ou de orégano]

7 Jargões Usar informação que só um cientista pode verificar. [seu Mário, seu Mário…]

8 Amigos imaginários Informações que parecem endossadas por terceiros, mas são maquiadas. [Opa, seu Mário! O senhor de novo por aqui?]

9 Sem provas Qualidades ecológicas sem comprovação. [“linha ecológica”: tudo banhado em tinta verde]

10 Mentiras Informações e alegações totalmente falsas. [não precisa de ecologia pra isso. A prática já é antiga]

Sinceramente? Eu simplesmente não tenho TEMPO de decorar normas ecológicas, mil selos verdes, muito menos de ficar lendo rótulo em supermercado pra saber se esse ou aquele produto é reciclável, que tipo de reciclagem, se é autossustentável, se foi fabricado assim, assado, essas coisas. É claro que uma noção a gente tem, mas sem xiitismos…

Apresentadores de  programas ecológicos da tevê fechada  podem passar a manhã nisso. Eu não. Simplesmente não gasto a vida comprando coisas, e preservo as que tenho.

Devia, isso sim, ter um selo SIF pra essas coisas. O governo, as associações comerciais e sindicatos que se preocupem. Taí uma ocupação pros três.

Positivo e negativo

A esquerda é o radicalismo de qualquer direita. É o pedófilo cujo pai lhe abusava na infância. É a carola tarada. É o Bispo Macedo e sua linguagem de macumba.

Pois se a esquerda sempre nasce a partir de opressões (reais ou imaginárias), nada mais natural que lhe reproduza os métodos.

A esquerda não é ruptura de nada. É apenas a repetição de um comportamento, só que no negativo. A esquerda é o contrário espelhadíssimo da direita.

“O Brasil já deu abrigo até a ditadores. Por que com ele [Battisti] seria diferente? Aí o Brasil tem uma tradição. Se o princípio é dar apoio e suporte, mantêm-se os princípios”, disse Marina [Silva] em sabatina ao portal Terra ontem.

Então, daí posso deduzir que Marina Silva é super a favor de reproduzir comportamentos da direita ditatorial de 64, só que no sentido contrário. Como faz seu chefe de sempre, seu protetor de infância, do qual ela nunca se desligará, ao qual está eternamente grudada por sinuosidades freudianas.

Então, pelo que raciocina Marina Silva, podemos continuar dando abrigo aos caras mais sanguinolentos do mundo porque é “tradição”.

Já pensou Marina Silva como presidente do Brasil ao longo do século XX? Nicolai Ceausescu, Adolf Hitler, Idi-Amin, Stalin, Fulgêncio Batista, Fidel Castro, Anastácio Somoza, Muammar Khadafi, Ali Khamenei, todos juntos, indiferentemente, numa festinha privada em terras tapuias.

Me preocupa esse critério “tradição” de dona Marina, sabe? É o mais puro ranço lulista. Essa “ruptura” com o PT não existiu.

  • Foto: uma das piores consequências dos critérios marinianos: não é porque você nasceu com duas taturanas em cima dozóio que deva ignorar um instrumento chamado pinça. Por outro lado, também não é porque existe a pinça que você deve capinar as bichinhas à exaustão, como Josephine Baker. Eu mesma me dei conta de que a distância entre as sobrancelhas é uma espécie de carbono 14 da mulherada: quando mais distanciadas – a cada avanço na tiração de pelinhos -, mais idade a mulher tem. Por isso estou fazendo a dança da chuva com meus pelinhos do meio. Só um pouquinho, pra não distanciar tanto. Porque tudo muda nessa vida. Se fosse pela tradição, o mundo ainda estaria fazendo cocô nas fraldas.

A sacristia de Marcio Pochmann

Marcio Pochmann parece um padre dos anos 80, não parece?  Ele pode circular tanto em publicações de esquerda quando na pastoral não-sei-de-quê que vai bem, com seus óculos ultrapassados, suas roupas ultrapassadas, sua cara antiguinha e, last but not least, seu pensamento ultrapassado – pior, equivocado – pior, safado.

Um cara desses é um perigo na seara das pesquisas que comanda no Ipea, carguinho que conseguiu com Lula do pudê. Se o objeto de seus rancores – São Paulo – vai mal na esteira de um contexto ruim, ele só destaca o fraco desempenho específico. Se vai bem, é porque vai bem e merece morrer. Se a diferença de PIB cai, não é porque o PIB alheio melhorou: é porque “São Paulo não é mais o mesmo”, entende?

Artigo na Folha de hoje do Manuelito P. Magalhães Júnior, economista e presidente da Emplasa:

São Paulo não se acomoda

O estado de São Paulo é o que apresenta a maior produção, PIB (Produto Interno Bruto) e número de indústrias, o setor agropecuário mais moderno e a cadeia de serviços mais desenvolvida do Brasil.
Em São Paulo estão concentradas indústrias diversificadas e altamente competitivas, as principais universidades e centros de pesquisas do país, grandes instituições financeiras, um setor terciário com centros de excelência em educação e saúde e um comércio com padrões comparáveis aos de países desenvolvidos.
São exemplos de como a economia paulista tem peso estratégico para o país. Antes da crise internacional, o PIB paulista alcançou, em 2007 e 2008, variações reais de 7,4% e 7%, superiores às do PIB brasileiro. Em 2007, o PIB paulista era de R$ 902 bilhões, o maior do país. Projetadas taxas de crescimento em torno de 4,5%, em 2014 São Paulo terá o 17º PIB do mundo, superando Dinamarca, Noruega e Tailândia.
Mas, em dois artigos recentes, publicados neste espaço, o presidente do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), Marcio Pochmann, insiste na tese de que São Paulo perdeu importância econômica no país (“Para onde vai São Paulo?”, 15/6, e “A difícil transição paulista”, 30/3). Não é verdade.
O autor manipula dados e usa o prestígio do cargo em favor de um projeto político específico.
Desde 2002, a participação de São Paulo no PIB brasileiro está na faixa dos 34%: esta continua a ser a locomotiva do país.
É bom que as demais regiões cresçam e contribuam com a riqueza do Brasil. E os que vivem em São Paulo, estado forjado pelo trabalho de brasileiros de todo o país, torcem para isso. Mas São Paulo não parou. Pelo contrário, avançou em setores de alta e média intensidade tecnológica.
O presidente do Ipea deveria saber, por exemplo, que entre 1996 e 2007 a participação da indústria de alta intensidade tecnológica no Estado cresceu de 29,5% para 39,4%, reforçada pelos desdobramentos econômicos a partir das transformações das matrizes energéticas brasileira e mundial.
O estado já é líder nacional em pesquisa e desenvolvimento e tem quase a totalidade de indústrias de bens de capital para a produção de bioenergia. Aliás, São Paulo produz 13% da energia consumida no país, 99% a partir de fontes renováveis.
Exerce liderança mundial na produção e pesquisa de etanol de cana-de-açúcar e é responsável por 60% do produto feito no Brasil. Para alcançar esses números, o poder público apostou em pesquisa, desenvolvimento e educação.
Investiu na reformulação de institutos, em parques tecnológicos, em escolas técnicas e faculdades de tecnologia, para formar mão de obra qualificada, gerando empregos de qualidade e em ritmo acelerado. Não por acaso, a rede pública paulista de ensino técnico e tecnológico foi dobrada nos últimos quatro anos.
Em 2010, o governo de São Paulo deve investir mais de R$ 1 bilhão nessa rede. O mesmo que o governo federal, só que em todo o país.
O PT, partido ao qual é ligado o economista Marcio Pochmann, exibe propaganda política na TV que diz que São Paulo não pode se acomodar. Quem parece ter se acomodado intelectualmente é ele, após ocupar cargos públicos.
A propaganda omite que, em 2002, São Paulo respondia por 26% dos empregos formais criados no país, número que, em maio de 2010, saltou para 38%! Demonstração inequívoca de que, aqui, ninguém se acomodou. (é para assinantes mas não resisti em reproduzir na íntegra…)

Eu rezava para que, um dia, o PIB paulista pudesse ser alcançado pelos demais estados e pela Federação, sabe? Não que São Paulo se rebaixasse aos demais, mas que os demais pudessem romper mentalidades arcaicas e começassem a cuidar de suas próprias vidas e se desenvolver como São Paulo se desenvolveu. Todos têm todo o potencial para isso, porque as pessoas podem tudo, desde que queiram. É uma pena quando se deixam envolver pelo “aqui as coisas são assim e pronto”. Não precisava.

Pochmann, por exemplo, poderia se esforçar e se transformar num economista de renome, mas não: não sai da sacristia da igreja petralha. Manipula dados, faz interpretações tendenciosas e mancha uma carreira que poderia ser bem boa, mas se perdeu: tudo em nome de seu monoteísmo lulista, um atravanco na vida de qualquer um.

A respeito do ódio/amor/desdém que sempre houve em relação a São Paulo, de que o PT é o representante máximo, veja a abordagem do Angelo da Cia. no excelente “Por que o PT odeia São Paulo?”

Morrer finamente

Espero em Deus que essa coisa de jazigo, caixão, velório, enterro, exumação um dia acabe. Por lei mesmo. Sem chiação ou exceção.

Se deixasse ao alvedrio humano, muita gente guardaria seus entes queridos dentro de casa, ao estilo Norman Bates. Não pode. Contra todas as crenças, contra todas as manias, contra todos os rituais, não pode. O Estado proíbe. Um dia, espero, o mesmo Estado acabará com essa coisa de “manter” corpos mortos esquifados, ali, do jeito que dá, à espera do Juízo Final.

Meu pessoal está todo reunido numa festinha onde? No Cemitério do Caju, Zona Portuária do Rio. Você acha que eu seria egoísta a ponto de ir levando a vida até onde der pra que meus sobreviv-entes tivessem de se despencar o Caju pra me enterrar, com todos os perigos que isso representa?

Nem morta! Por isso já avisei: crema (queima!) e joga em qualquer lugar à escolha, pra que ninguém sinta culpa cristã de nada. Por mim, jogava na privada mesmo, mas aí a pessoa ficará com pena, essas coisas.

Matéria no G1 tira uma linha do metro quadrado pra quem quer morrer em São Paulo. Me chamaram atenção algumas informações:

No caso dos cemitérios públicos, os valores são atribuídos também ao seu prestígio, afirma o geógrafo Eduardo Rezende, da Associação Brasileira de Estudos Cemiteriais (Abec). “Alguns abrigam famílias célebres da cidade ou personalidades, como o Araçá, o São Paulo e do Morumby”, afirma. Pagar mais por esses locais tem a ver com a busca pela diferenciação. “Mesmo depois da morte, o ser humano quer ter ou manter o status”, diz.

Santa bobagem! (não do geógrafo, do fato mesmo): Se a criatura, hoje, tem de pagar com dinheiro novo pra adquirir um jazigo no Araçá ou correlato, é sinal de que em vida não carregou tradição de nada. Daí, não tem essa de manter status, oras! É o nouveau-richismo post-mortem, só.

E o que o cemitério tem para custar tanto?”, questiona a dona de casa Eulália Figueira, de 45 anos.

A resposta, mais uma vez, inspira-se nos recursos imobiliários para a valorização: enquanto os imóveis se valem de infraestrutura, como playground, espaço gourmet e segurança, os cemitérios também se valorizam com os serviços que oferecem – capela, fraldário, ambulatório.

Estou, com dona Eulália, desdobrando a pergunta: pagar mais por  fraldário? Qualquer muquifo de beira de estrada tem fraldário digrátis, oras…

Pode ser que você não concorde, mas acho que morrer faz parte e deveria ser pá-buf, o menos doloroso possível, sabe? Se ao nascer a gente se submete a uma série de procedimetos civis e médicos (exames, cuidados de saúde pública), porque não tomar providências sanitárias no outro extremo da linha? Sim, porque um corpo ocupa espaço e compromete ambiental e  patologicamente milicoisas à volta.

Nunca (e agora falo sinceramente aos que creem nisso) entendi essa coisa de manter a integridade do corpo para a ascenção no dia da ressurreição. Pois se o corpo fica daquele jeito?… Como é que é? “Ah, mas Deus restaura”, já ouvi. Então, se ele restaura, que diferença faz estar carcomido ou em cinzas espalhadas por aí?

Sei lá. Mas acho que um dia isso muda. Nas grandes aglomerações, pelo menos.