Bom dar uma lida no Reinaldo Azevedo de hoje, sobre a criação a partir do nada de certo movimento pró-Haddad:
Os mesmos “companheiros jornalistas” que não podem ver um ciclista passando maquiagem em outro sem que sintam palpitar seus instintos mais cicloafetivos não disseram uma vírgulazinha, nada!, sobre esse benefício que Haddad quer dar aos carros. Gilberto Dimenstein, que chamou os motoristas de “idiotas sobre quatro rodas” — ele refina seu estilo a cada dia! —, que eu saiba, nada disse sobre a proposta idiota de Haddad. Aliás, chegou a hora de fazer cobranças: pode reivindicar que o Haddad garante. Se ele desconfiar que existe um grupo influente contra a Lei da Gravidade, ele prometerá revogá-la.
Os “inteliquituais”
Na busca desesperada por uma pauta virtuosa para Haddad, merecem os “inteliquituais” de esquerda, que estariam voltando ao PT. Alguns teriam ficado indignados com o mensalão, mas já passou. Esquerdista com prurido moral é cabeça de bacalhau. Alguém que continua de esquerda depois de Stálin, Mao, Pol Pot e Fidel Castro não dá bola a pelo menos 100 milhões de mortos. Por que se incomodaria com “os recursos não-contabilizados” de Delúbio Soares? Passam a ser até um troco bem-vindo. Aliás, se a gente for investigar alguns dos que saem por aí falando, é quase certo que vamos encontrá-los pendurados em alguma bolsa disso e daquilo, longe da sala de aula e mamando nas tetas do estado — tomando vinho chique com o dinheiro dos desdentados. Mas seu coração palpita pelos pobres. (íntegra).
Intelectuais de esquerda vêm todos da mesma cepa: são da mais tradicional classe média alta, reclamam diariamente da burrice da empregada, não lhe pagam plano de saúde, não lhe assinam a carteira e não lhe poupam nem o copinho d’água gelada: é ela quem tem de interromper sua rotina escrava e providenciá-lo, e ai dela se a água não estiver na temperatura desejada: volta lá e corrige, enquanto a patroa se desmancha na biblioteca em lamentações (cobradas por lauda) sobre o campesinato.
Haddad o mesmo: tece loas aos corredores de ônibus, e o trabalhador que se lasque com longas massagens diárias entre o M’Boi Mirim e Vila Madalena, quando então chegará e terá no mínimo oito horas de aturação de chefe ruim e suas crianças mimadas e agressivas.
O repentino horror de Haddad às taxas tem história: ele tenta apagar o passado no gabinete da Secretaria de Finanças da Prefeita Marta, há dez anos, quando qualquer problema financeiro era resolvido com bitributação de luz, de lixo, além do famoso imposto da coxinha, uma tentativa de tributar pesadamente quem exercia atividades sazonais em casa, como forma rápida de cobrir rombos na Prefeitura. Não foi de nenhum gabinete de vereador que saiu a pérola, foi da equipe de Marta:
(Encaminhado à Câmara pela Sra. Prefeita com o ofício ATL 573/01).
“Estabelece multas administrativas para o funcionamento irregular de atividade diversa da residencial, e dá outras providências.
A Câmara Municipal de São Paulo D E C R E T A:
Art. 1º – A utilização de imóvel para qualquer atividade diversa do uso residencial, sem prévia licença da Prefeitura do Município de São Paulo, acarretará a aplicação das sanções previstas nesta lei.
Art. 2º – É obrigatória a afixação, no acesso principal dos estabelecimentos ou locais de trabalho, permanentemente, em posição visível para o público, do Alvará de Funcionamento ou do Auto de Licença
de Funcionamento.
Art. 3º – Para os efeitos desta lei, considera-se infrator a pessoa física ou jurídica, responsável pelo exercício de qualquer atividade diversa do uso residencial, podendo ser o possuidor do imóvel, o proprietário ou o seu sucessor a qualquer título.
Art. 4º – Os infratores das disposições desta lei ficam sujeitos à aplicação das multas previstas no Anexo Único integrante desta lei, sem prejuízo das demais sanções estabelecidas na legislação pertinente e das medidas administrativas e judiciais cabíveis. (íntegra)
Não passou. Todo mundo estrilou e ela recuou. Petistamente interessante foi o antes, quando sua equipe de finanças alegou um inicial “cadastramento” de senhorinhas que fazem salgados em casa, com um vago objetivo de lher dar “segurança social”.