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Chovendo no molhado

De Sonia Racy, hoje no Estadão, com um título irônico:

Inspiração

A Prefeitura fez as contas. Duas mil pessoas que vivem nos albergues da cidade… trabalham.

Com base neste dado, Haddad lançou, ontem, o programa de formação profissional para população de rua.

Ora, ora, nem sei se outro prefeito não recorreria à mesma patifaria, mas é como se Haddad em pessoa chegasse até mim e dissesse: “Nossa! Ficamos sabendo que você é revisora, por isso estamos lhe oferecendo um curso de revisão inteiramente grátis.”

Nesse e em outros casos, o sistemão político-administrativo passa longe de fazer a leitura certa, mas adere alegremente à que convém.

Se 2 mil pessoas trabalham e vivem em albergues, é porque NÃO TÊM COMO MORAR em lugar algum. Seja pelo alto preço dos aluguéis ou pela impossibilidade existencial brasileira de adquirir um cantinho.

Das quatro, uma:

1) Ou o Brasil se emenda e para de mandar mendigo pras cidades grandes (sim, boa parte da mendicância vem de cidades pequenas, onde ninguém dá esmola e a prefeitura não incentiva sua estada).

2) Ou a Prefeitura bola umas quitinetes onde a pessoa possa morar de graça, ou pagando um aluguel simbólico.

3) Ou a Prefeitura dá essas quitinetes, cuidando que não sejam objeto de especulação, e sim de moradia de fato.

4) Ou deixa tudo como está, incentivando o estudo para termos doutores coalhando as calçadas da metrópole.

Uma muxquinha às segundas

Nos dias que correm, em que muitas subserviências de antes emergem agora sob a forma de valentia, acho bem hora de homenagear quem sempre criticou o governo Lula, não baseado em oposição metódica, mas em fatos. Este vídeo do usuário do Youtube Odilon Neto é de 2007, quando toda a imprensa ainda segurava seus anúncios com “sim, sim, o governo Lula está no caminho certo”. Ainda tem muita gente hesitando em abadonar o barco, mas é questão de tempo.

Ah, e com a muxquinha de Gabriel o pensador quero homenagear um contumaz leitor que, como qualquer petista, anda muito nervoso e acabou se traindo e usando aqui um de seus 592 e-mails que não deveria usar, olha só…

Não posso publicar o endereço dele aqui porque tenho compromissos com a privacidade deste blog, mas posso dizer que, sob outro nome, vem do lixão da área de comentários de um jornalista de Época.

Se atrapalhou, tadinho… E agora está bloqueado.

Uma muxquinha às segundas

E me diz se estou conseguindo acompanhar Gabriela?

Qual! Mas quando dá eu assisto.

Já comentei aqui que acho a trilha sonora de Gabriela uma das mais sensacionais da teledramaturgia nacional, e fica difícil escolher uma sem correr o risco de ser mal interpretada em relação às outras.

Outro dia Maria Edi lembrou de Porto, interpretada aqui pelo seu ator, Dori Caymmi. Existe coisa mais linda pra uma segunda cinzenta?

Bom dia a todos!

Que bonito!

Grafismo animado do projeto do Complexo Cultural Luz. A iniciativa da Secretaria de Estado da Cultura (trad.: Andrea Matarazzo) será um dos mais importantes centros destinados às artes do espetáculo do país, feito especialmente para apresentações de dança, música e ópera.

Esta é a diferença entre o tipo de gestão que pretende uma vida melhor para todos (por gerar emprego) e outros, que se comprazem e se contentam em administrar a miséria.

Se tudo ficar conforme a maquete…

Enquanto isso, na sala de aula…

Bom dar uma lida no Reinaldo Azevedo de hoje, sobre a criação a partir do nada de certo movimento pró-Haddad:

Os mesmos “companheiros jornalistas” que não podem ver um ciclista passando maquiagem em outro sem que sintam palpitar seus instintos mais cicloafetivos não disseram uma vírgulazinha, nada!, sobre esse benefício que Haddad quer dar aos carros. Gilberto Dimenstein, que chamou os motoristas de “idiotas sobre quatro rodas” — ele refina seu estilo a cada dia! —, que eu saiba, nada disse sobre a proposta idiota de Haddad. Aliás, chegou a hora de fazer cobranças: pode reivindicar que o Haddad garante. Se ele desconfiar que existe um grupo influente contra a Lei da Gravidade, ele prometerá revogá-la.

Os  “inteliquituais”
Na busca desesperada por uma pauta virtuosa para Haddad, merecem os “inteliquituais” de esquerda, que estariam voltando ao PT. Alguns teriam ficado indignados com o mensalão, mas já passou. Esquerdista com prurido moral é cabeça de bacalhau.  Alguém que continua de esquerda depois de Stálin, Mao, Pol Pot e Fidel Castro não dá bola a pelo menos 100 milhões de mortos. Por que se incomodaria com “os recursos não-contabilizados” de Delúbio Soares? Passam a ser até um troco bem-vindo. Aliás, se a gente for investigar alguns dos que saem por aí falando, é quase certo que vamos encontrá-los pendurados em alguma bolsa disso e daquilo, longe da sala de aula e mamando nas tetas do estado — tomando vinho chique com o dinheiro dos desdentados. Mas seu coração palpita pelos pobres. (íntegra).

Intelectuais de esquerda vêm todos da mesma cepa: são da mais tradicional classe média alta, reclamam diariamente da burrice da empregada, não lhe pagam plano de saúde, não lhe assinam a carteira e não lhe poupam nem o copinho d’água gelada: é ela quem tem de interromper sua rotina escrava e providenciá-lo, e ai dela se a água não estiver na temperatura desejada: volta lá e corrige, enquanto a patroa se desmancha na biblioteca em lamentações (cobradas por lauda) sobre o campesinato.

Haddad o mesmo: tece loas aos corredores de ônibus, e o trabalhador que se lasque com longas massagens diárias entre o M’Boi Mirim e Vila Madalena, quando então chegará e terá no mínimo oito horas de aturação de chefe ruim e suas crianças mimadas e agressivas.

O repentino horror de Haddad às taxas tem história: ele tenta apagar o passado no gabinete da Secretaria de Finanças da Prefeita Marta, há dez anos, quando qualquer problema financeiro era resolvido com bitributação de luz, de lixo, além do famoso imposto da coxinha, uma tentativa de tributar pesadamente quem exercia atividades sazonais em casa, como forma rápida de cobrir rombos na Prefeitura. Não foi de nenhum gabinete de vereador que saiu a pérola, foi da equipe de Marta:

(Encaminhado à Câmara pela Sra. Prefeita com o ofício ATL 573/01).

“Estabelece multas administrativas para o funcionamento irregular de atividade diversa da residencial, e dá outras providências.

A Câmara Municipal de São Paulo D E C R E T A:

Art. 1º – A utilização de imóvel para qualquer atividade diversa do uso residencial, sem prévia licença da Prefeitura do Município de São Paulo, acarretará a aplicação das sanções previstas nesta lei.

Art. 2º – É obrigatória a afixação, no acesso principal dos estabelecimentos ou locais de trabalho, permanentemente, em posição visível para o público, do Alvará de Funcionamento ou do Auto de Licença
de Funcionamento.

Art. 3º – Para os efeitos desta lei, considera-se infrator a pessoa física ou jurídica, responsável pelo exercício de qualquer atividade diversa do uso residencial, podendo ser o possuidor do imóvel, o proprietário ou o seu sucessor a qualquer título.

Art. 4º – Os infratores das disposições desta lei ficam sujeitos à aplicação das multas previstas no Anexo Único integrante desta lei, sem prejuízo das demais sanções estabelecidas na legislação pertinente e das  medidas administrativas e judiciais cabíveis. (íntegra)

Não passou. Todo mundo estrilou e ela recuou. Petistamente interessante foi o antes, quando sua equipe de finanças alegou um inicial “cadastramento” de senhorinhas que fazem salgados em casa, com um vago objetivo de lher dar “segurança social”.