Tá boa, nêga?

Fofíssima a pauta de reivindicações de “greve dos servidores do Judiciário (adivinha?) paulista”, promovida pela Associação dos Servidores do Poder Judiciário do Estado de São Paulo: somente agora, em ano eleitoral, eles se deram conta  de que não têm aumento desde 2008, coitados! Reivindicam um reajuste de inflação apeoespiano de  20,16%, ar-condicionado nos cartórios e fornecimento de água mineral.

Vai uma almofada, um café, um sanduichinho, uns biscoitos?

Tá certo que eles não ganham lá grandes coisas: os salários (base, of course) vão de R$ 1,6 mil a R$ 3,7 mil conforme o cargo. Mas sabiam disso na hora de se acotovelar na fila do concurso, é ou não é?

O interessante é a imprensa.

Em editorial do Estadão de hoje, por exemplo, diz-se que, “Para os líderes da categoria, se […] 30% da categoria […] acatarem as determinações do comando de greve, a Justiça estadual ficará sem condições de funcionar.

Já a  Folha não perde a mania de colher informações apenasmente no sindicato. Sob o título de “Aumenta a adesão de servidores à paralisação da Justiça Paulista”, lança os números para a plateia: 60% de adesão em Campinas, 40% em Ribeirão, 30% em Assis.

Já em São Paulo capital, a mesma reportagem divide informações pra causar o efeito lente de aumento: só é citada a Vara da Infância e da Juventude do Fórum Regional do Tatuapé, cujo diretor é favorável à greve, olha só… De resto, na cidade, a organização de piquetes, sinal claro de que precisam de mais adesões.

Sei não, viu? Apesar dos problemas (que de fato existem) dos servidores do Judiciário paulista, tenho a impressão que esta é mais uma greve pertencente  ao calendário de outra instituição…

E tem outra: cartório, afinal das contas, é negócio de família ou tem natureza pública? Nunca entendi, nunca vou entender. Se nem os juristas entendem…

Só sei de uma coisa: os três cartórios que em que tenho firrrrma na capital são fofos, tem arcond, paredes limpas, água, café, chamada eletrônica e funcionários corteses e eficientes. Não imagino, sinceramente, eles em mangas de camisa latindo pro governo…

Poucas, hilárias e nem tanto

Ontem, durante o pronunciamento do presidente sob a alegação do Primeiro de Maio, tive a nítida impressão de que no final o plano abriria um pouco e Dilma entraria em cena. Durante todo o tempo, Lula parecia cambalear ansioso diante do grande abismo da língua nervosa. Mas dizer o nome dela não dava, né? Pena, pena… Quem manda ter eleitorado ignorante?

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Domingo que vem tem  Maratona de São Paulo, com recorde de inscritos (20 mil, 25% a mais que no ano passado). Numbers (adoro isso!): a organização da prova envolve 1.500 pessoas, mais 800 PMs, Polícia do trânsito, Guarda Metropolitana e CET. Ficarão à disposição dos participantes 400 mil copos de água, 20 toneladas de gelo, 420 banheiros químicos, 18 postos de percurso (com assistência médica, água e banheiro), 4 postos de percursos especiais (3 com isotônicos e 1 com carboidrato em gel) e 5 postos de controle de percurso. (Site da prova aqui)

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E nos dias 15 e 16 de maio acontece a Virada Cultural. Terá Buena Vista Social Club (eu quero, eu quero, eu quero!), Palavra Cantada, Toquinho, ABBA, Elomar, Xangai, Geraldo Azevedo e Vital Farias, Paulo Vanzolini, o  Wilson Simoninha e Max de Castro, Hermeto Paschoal,  Luiz Tatit, José Miguel Wisnik, Arrigo Barnabé André Abujamra, Frank Elvis & os Sinatras, Sidney Magal, Valdirene, Jerry Adriani, Angelo Máximo, Vanusa (quando o coro de uma cidade inteira exigirá o Hino Nacional), Wanderlea, Raimundos, Arnaldo Antunes e… Titãs. Do jeito que vai, mais uns dez anos e Lady Gaga pedirá pelo amor de deus para participar. Os detalhes estão neste link.

Quero ir, quero ir, quero ir! Será um tormento concatenar horário pra ver tudo o que quero ver.

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Foto:  Geysi Arruda lançou ontem à noite sua grife própria, a Rosa Divino. O cor-de-rosa é uma espécie de raio mortífero em meu hipotálamo e me lembra uma amiga fotógrafa, recebendo candidatas de todo o estado – todas devidamente “uniformizadas”. Por que isso, minha Nossa Senhora da Penha?

Certíssima a moça! Assume seu perfil, desistiu do turismo, está fazendo teatro e ano que vem fará artes cênicas. Muito bem, Geysi, em frente! Se entupa de dinheiro e tenha sucesso. Sério!

São Paulo, a melhor para investimentos

Do Invertia:

São Paulo é a cidade mais atrativa para investimentos na América Latina, segundo  estudo do Centro de Pensamento em Estratégias Competitivas (Cepec) da Universidade do Rosário, da Colômbia, e da Empresa de Inteligência de Negócios, do Chile.

A pesquisa diz que  São Paulo é a cidade que “reúne as melhores condições para a atração de investimentos na região, principalmente pela importância do tamanho de seu mercado, o clima amigável para o investidor e o panorama sólido que oferece”.

Tais opções estão “respaldadas pelo tamanho de sua Bolsa de Valores e a profundidade relativa de seu mercado financeiro, assim como as boas expectativas de crescimento econômico urbano para 2010”.

O levantamento levou em conta 48 cidades da América Latina, seus atributos e o desempenho, na ordem local e nacional, durante 2009, “das principais variáveis econômicas ao entorno para os negócios de interesse para um investidor que está buscando localizar sua operação em um novo mercado”.

Entre os aspectos analisados figuraram “o melhor clima de investimentos (a escala país) e uma série de variáveis na escala da cidade ou área metropolitana”, além da reputação global, o PIB, o número de habitantes, o potencial financeiro, a presença de empresas globais, o conforto urbano e o crescimento esperado para 2010, entre outros.

Depois de São Paulo, em ordem de importância, seguem a Cidade do México e Santiago do Chile, Rio de Janeiro (4º) e Buenos Aires (5º), Bogotá (6º), Cidade do Panamá (7º) e Monterrey (8º), Lima (9º) e Brasília (10º).

Enquanto essas primeiras dez cidades têm um clima de investimentos “amigável” e “atrativo”, em outras cidades latino-americanas como as venezuelanas Caracas, Maracaibo e Valencia,  e Manágua (Nicarágua) e Tegucigalpa (Honduras), o efeito é praticamente contrário.

Moradia para todos – todos MESMO!

Editorial do Estadão dá conta do caráter eleitoreiro das invasões ocorridas em São Paulo esta semana em nome da “Frente de Luta por Moradia (FLM)” – esse nome, definitivamente, não tem cara de sem-teto, né? Deve ter sido sugerido por um professor de fefeléchi da vida…

Desde a década de 1990, os movimentos sociais aproveitam os períodos eleitorais para fazer protestos. E a estratégia é sempre a mesma – criar fatos consumados com o objetivo de chamar a atenção da opinião pública e de constranger os governantes, para que façam concessões. (íntegra)

Questão complicada, mas nem tanto. Gostaria muito de saber onde esse povo se esconde em períodos não-eleitorais. Provavelmente, voltam para suas casas.

O movimento se instalou em vários pontos da cidade, mas houve um tempo – no Governo Alckmin, se bem me lembro – em que não aceitaram moradia em Cidade Tiradentes: queriam se aboletar no Centro.

Qual o problema em querer morar no Centro? Nenhum.

Milhares e milhares de pessoas também gostariam de morar no Centro, fazer tudo a pé, com metrô e ônibus à mão, tudo bacana. Mas não. Moram longe, porque seu imóvel no cafundó do Judas foi o único possível de pagar com suas economias juntadas durante a vida inteira, ou sob um financiamento a perder de vista – também para a vida inteira.

Talvez seja mais fácil ter disponibilidade e desprendimento pra se juntar a um monte de gente em barracas no Viaduto do Chá, mas me parece que nisso há certa furação de fila, não?

Ah, mas são pobres… Depende. Depende do que você toma como pobreza. Se pobreza significa não ter dinheiro, estamos de acordo. Mas se pobreza significa se engajar em movimentos sociais, ao alvedrio dos interesses políticos de quem definitivamente mora bem, aí vamos debater a questão.

Há um monte de gente pobre que dança miudinho pra pagar aluguel – sem ter bolsa-aluguel! –  e impostos. Não, não, nem falemos de pobres: milhares e milhares de pessoas de classe média cortam dobrado pra manter um lugar mínimo pra morar.

Imóvel já é um bem meio inalcançável, ainda mais com a supervalorização que se formata nos últimos tempos. Então, não vejo porque privilegiar dado grupo em detrimento de quem considera a aquisição de casa própria uma luta pessoal.

Por outro lado, concordo concordíssimo que o Centro da cidade tem um monte de prédios empacados, cujos proprietários não souberam cuidar nem arrendar. São imóveis fantasmas, ociosos, e muitos deles são lindos de morrer. Dá pena vê-los vazios e caindo aos pedaços.

Reconheço todo o direito de propriedade, mas há de haver um limite, não? Do jeito que está não dá.

A Prefeitura devia ter um plano para imóveis abandonados. Chegar no proprietário, tentar fazer um acordo justo, dar um tapão e vendê-los  – a preços camaradas e financiamento idem – para os menos favorecidos de qualquer matiz, e não somente a “sem-tetos”.

Não queremos uma sociedade justa e igualitária? Pois é.

  • Foto (Band): Grupo de sem-tetos no Chá. São só esses? E o resto da fila?

Vitória da civilidade no STJ

Do Estadão:

Em uma decisão inédita, a 4.ª Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) reconheceu ontem por unanimidade a legalidade da adoção de crianças por um casal homossexual de Bagé (RS). O Tribunal de Justiça gaúcho havia considerado a união homoafetiva como uma família e autorizado que as duas crianças adotadas fossem registradas com os nomes das duas mães. O MP do Estado, porém, recorreu, levando o caso ao STJ, em 2006.

“Não se pode supor que o fato de os adotantes serem duas mulheres possa causar algum dano (à formação das crianças). Dano ao menor seria a não adoção”, disse o ministro João Otávio de Noronha, presidente da 4.ª Turma. Ao criticar o MP, ele afirmou que a entidade devia ter considerado o interesse dos adotados. (íntegra)

Ótima, notícia! Assim, a decisão do STJ reconhece a validez (e a normalidade) de uniões homoafetivas, inclusive no trato e na formação de crianças.

Detratores de tal pensamento alegam – além de monstruosidades de fundo religioso – que faz falta à criança a figura de um dos cônjuges, pai ou mãe.

Não sei se podemos ter como comprovação de boa formação infantil a figura de pai e mãe. Pode até ser melhor. Mas não é o possível.

Caso uma coisa tivesse que ver diretamente com outra, não haveria bons adultos “sobreviventes” em nossa sociedade. Pensa só na quantidade de lares heterossexuais desfeitos, em que o pai vem visitar de vez em quando. E naqueles em que o pai não visita nunca. E naqueles em que nem se sabe quem é o pai. Pior, naqueles em que o pai é a figura violenta com a mãe e com as crianças. E, pior, em lares onde há pedofilia.

Aliás, nem precisa ir tão longe: lares heterossexuais onde há maus-tratos, agressividade no linguajar, desídia com saúde e educação, péssimas condições de moradia.

Portanto, heterossexualidade não é pre-requisito moral pra coisa alguma.

Não precisa ir longe: uma procuradora de Justiça de 57 anos foi acusada de maltratar uma menina adotada por ela há pouco mais de um mês. Foram seus próprios empregados os denunciantes. Nas reportagens da tevê, há gravações em que uma voz, supostamente a dela, grita e chama a menina de “vaquinha”, entre outras coisas.

Como a garotinha só tem 2 aninhos, tenho minhas dúvidas que com essa idade ela já seja tudo isso de que foi xingada. Calculo que, criada nesse tipo de lar (hetero) e conseguindo concluir seus estudos a ponto de virar procuradora de Justiça, mais uns 50 e poucos anos conseguiria se transformar em uma vaca de verdade.

Tendo em vista a péssima condição de vida das crianças no país – quando não estão em orfanatos, ficam muitas vezes sujeitas a adultos doentes – a possibilidade de se abrigar em um lar estabelecido e tranquilo – regido por quem for – é uma bênção.

Tomara que a decisão do STJ crie longa e farta jurisprudência. E tomara que a “vaquinha” consiga ficar bem longe da hetero e ilibada procuradora de Justiça e seu “lar” confortável.

Voilá!

Ontem não quis falar porque não havia os vídeos. Não vou colocar todos aqui, porque são muitos. Mas estão todos encadeados no Youtube.

Ao contrário da entrevista de Dilma, a de Serra peguei a metade final. Como sói acontecer, Serra se mostra seguro, lógico, respondendo a tudo dentro da realidade e com conhecimento profundo de causa. O que era pra elogia/aprovar, o fez. No que tinha ressalvas, também. Conhece profundamente todos os assuntos, em nada lhe afeta o nervoso típico dos iniciantes ou dos incompetentes.

Reinaldo Azevedo analisou a entrevista aqui e aqui. De seu texto, destaco (editei):

A exemplo do que fez com Dilma, o apresentador pediu a Serra uma manchete, algo que estará nos jornais amanhã, e ele disse: “Vou criar o Ministério da Segurança Pública para combater o crime organizado”.

Na sua vez, a manchete de Dilma foi esta: “Eu gostei muito da entrevista cocê”.

Outra coisinha, que parece que o povo pensante em geral não se deu conta: vamos parar de uma vez por todas de desqualificar o Detena porque ele é um tosco, um grosso e blablablá. Isso é burrice e falta de visão. O que interessa no Datena, além do direito da população de ter um jornal popular, é que o alcance de seu jornal berrado é imenso. É isso que interessa, e é isso que devemos respeitar, valorizar e entender.

Pena que apenas parte passe para o Brasil inteiro. Ontem, Noblat acompanhava a entrevista com aquela sua predisposição eterna em pichar o PSDB. A partir de certo ponto o programa passou a ser exibido somente pra São Paulo e ele ficou lá, estrebuchando no Twitter, sem ter como acompanhar.

Cabe dizer benfeito?

  • Vídeo com a parte final da entrevista, em que Serra, a pedido, escolhe uma música para cantar, alegando que “El dia que me quieras”, da Dilma, é muito difícil. Mas foi de “Chega de Saudade”, que, cá pra nós, é mais difícil ainda. Mas ele canta muito direitinho. Você não acha?

São Paulo, cidade maldita!

Amei matéria (entrevista?) com o Lobão ontem no Estadão, dizendo como se achou em São Paulo depois de dois anos morando aqui. Um trechinho:

[…]

Na cidade que o absorveu, ele diz que nunca foi tão feliz e produtivo. Compõe melhor. É uma pessoa melhor. Pergunto se não é a maturidade. Ele insiste que a cidade tem papel importante. “São Paulo abraça, acolhe as diferenças. No Rio, tem o cara da zona sul e da zona norte. É pouco variado. Não tem lugar para mim. Aqui não. Tem várias turmas juntas. Você pode ter o yuppie mais careta da Paulista e a pessoa mais louca convivendo na cidade. E eu posso criar o meu mundinho dentro desse mosaico.” (íntegra)

Se não me engano, uma vez eu disse o contrário, aqui ou alhures: que no Rio as pessoas conversam mais de igual para igual. Pode ter sido impressão. Pelo menos no tempo em que morei lá, nunca levei nas fuças essa coisa de “gente bem/gente d’além túnel”. Mas existe, é claro.

De qualquer modo, é um conforto saber que tenho (mais*) uma figura dessas como vizinho. Lobão mora do ladinho da MTV,  nesse “monte de árvores” que posso ver agora, da minha janela: a região é uma dessas coisas city, mas meio na “decadência”, um lugar sossegado, sem famílias barulhentas loucas por shoppings e com dez carros na garagem. Se tivesse grana, arrematava uma daquelas casas e fazia subir pelos muros uma hera novinha em folha. Fez bem ele em morar perto do trabalho e longe do frisson.

E aquele parquinho da Sabesp em frente à MTV? É um piteuzinho! Fosse eu ia todo santo dia! (mentira. No parquinho aqui do lado só fui ontem, por conta de Periquito Augusto…)

Lobão tem mais é que aproveitar. Não precisa de Song for Sampa nem recorrer aos lugares-comuns pra reclamar da cidade, porque Tom Zé inaugurou o discurso, que não mudou muito de lá pra cá. Há outras coisas. Mais uns aninhos, ele descobre.

De minha parte, acho óptemo. Sua música deixei de acompanhar faz tempo. Talvez seja aquela boa-vontade com o passado. Mas ele é um excelente debatedor com ideias claríssimas sobre tudo. Quando posso, vejo.

São Paulo ganhou uma ótima figura, e aguarda que Lobão largue rapidinho o papel de chegado pra virar cidadãozão paulistano mesmo.

  • Vídeo de Song for Sampa. Não me tocou, mas se lhe apraz…
  • * Esticando o braço com mais um pouquinho de boa vontade, José Serra também é meu vizinhooooooo!!!!!!!!!!!!!!!
  • Ops! O título foi uma amiga que deu. Piadinha doméstica.

Para tudo!

Tenho por norma, aqui e alhures, andar à paisana.

Fora do trabalho, não corrijo o português de ninguém. Primeiramente, porque falo errado e escrevo errado. Não consigo criar um texto e revisá-lo em seguida a ponto de deixá-lo completamente sem máculas. Aliás, meus posts poderiam ser servidos na feira, de tanto pastel (troca ou omissão de letras) que carregam. Fora as distrações, os rabos de edição, e tal.

Segundo,  ô coisa chatinha o revisor que não relaxa nunca! Além de ser de uma soberba atroz (e idiota), toca terror em todo mundo a ponto de ninguém conseguir abrir a boca direito na sua frente. Patrulhar assim não é comportamento de gente.

Terceiro,  há erros e erros. Não dá pra achar nada de ruim em quem troca as bolas em algumas palavrinhas da língua portuguesa, como “exceção”, “obsessão”, “obcecado” e blablablá. Elas são chatas mesmo, e ninguém vai andar com dicionário debaixo do braço.

Lutar pela alfabetização, vá lá, mas não sejamos pentelhos.

Só que tenho algumas implicâncias. Em parte, elas entram no trabalho, dependendo da proporção que tenham.

Por exemplo, há muito tempo não tolero mais o “com certeza”. Está corretíssimo se usado adequadamente, mas, se estiver sob minha autonomia, eu troco. Porque virou vício vulgar, e pronto.

Outra praga universal que decepo sem piedade é “o mesmo”. “Proibido circular com cachorro. Pedimos aos senhores condôminos que carreguem o mesmo no colo“. A mesóclise, a ênclise, a próclise, os pronomes em geral foram para o espaço, e no lugar se enfia o safado “mesmo”, que resolve todos os dilemas, não?

Também esses vícios são compreensíveis. Assim como são compreensíveis os erros de quem não teve oportunidade de estudar. Desses, vindo de pessoas reais, eu não faço chacota nem por decreto.

Mas de quem, pretensamente, está no top de linha da sociedade, ah, eu aponto, sim. Outro dia foi o coordenador da Campanha da Dilma na internet, esse tal de Marcelo Branco, que me saiu com um “perfius” no Twitter.

E hoje, a retratação do “editor” do jornal O Parasita, da Farmácia da USP (via G1):

O cara escreve “insultar a violência”, mas qeria dizer incitar à violência. Insultar, ele só insultou o rapaz gay. Isso é um problema que vai além da questão homônimos e parôminos.  É completa falta de atenção às palavras, é passar batido por qualquer curiosidade semântica, pô!

Aqui em São Paulo, especificamente, esse é um problema. Não que cause uma tragédia à comunicação de esquina, mas deixa entrever uma pobreza vocabular sem-fim. Exemplos não faltam: “vincular uma notícia”, “bordar um organograma no enxoval”, “ser meigo no assunto”, “fazer um breakfast (briefing) com o cliente”, “beber leite desnaturado”, “fazer um arroz à grelha” ou um “leitão à pororoca” ou, quem sabe, “se manter aleatório” à questão.

Isso tudo eu já ouvi por aí. A coisa, antes de ser cômica, é trágica e, por se tratar de gente “estudada”, aponto e aponto mesmo.

Esclarecimento

Queridos leitores,

De ontem para hoje, sumiram alguns comentários do último post. É que, em algum momento ontem à noite, o blog foi para o estaleiro, e houve um aviso de que isso poderia acontecer mesmo.

Assim sendo, peço aos atingidos a gentileza de comentarem novamente, para que possamos deixar registradas suas interessantes contribuições ao assunto “Dilma sonhou ser Norma Bengell”.

Thanks, e desculpem o transtorno.

Vergonha do Várter!

Gentche… Todo mundo falando desse king-kong do blog Dilma na Web (não linko!), em que põem uma sequência de fotinhos numas de ilustrar sua ilibada biografia:

Na foto do meio, Dilma em todo o esplendor de sua juventude passeatística, não fosse pelo detalhe  em questão estampar, na verdade, o rostinho da atriz Norma Bengell.

Foto mais que conhecida da Passeata dos Cem Mil, no Centro do Rio. Tônia Carrero, Eva Wilma, Odette Lara, Norma Bengell e Ruth Escobar. E a foto não é do Evandro Teixeira, o grande fotógrafo da passeata pelo JB. É do Jornal Correio da Manhã.

Tem até essa outra, se você quiser: Eva Todor, Tônia, Eva Wilma, Leila Diniz, Odette Lara e Norma Bengell, na mesmíssima passeata.

Qualquer ente que já largou as fraldas conhece essas fotos. E me vai a webjuventude dilmística e, na falta de informação, “deduz” que Norma é  Dilma, e ponto.

O dito blog poderia até passar por estúpido, mas a má-fé ficou clara nas desculpas:

[…]
Jamais houve a intenção de confundir a sua imagem com a de Dilma, o que seria estapafúrdio, ainda mais se tratando de uma figura pública. O que se busca, ali, é ressaltar um momento da vida do país do qual Dilma participou ativamente. Outras fotos do blog fazem referência a esse momento em que os brasileiros foram às ruas pedir o fim da ditadura. […] (grifos meus)

O cacete! Participou ativamente, mas de outra maneira, e com outros objetivos, não? Qualquer um sabe que nessa época Dilma se enfronhava no Comando de Libertação Nacional (Colina), num caminho totalmente diferente das beldades aí da foto, que deram a cara a tapa pra quem quisesse ver.

Dilma se embarafustou pela luta armada em nome de algo que não se pode dizer muito democrático: tomar o poder na base das armas. Trocar uma ditadura por outra, em resumo.

E, pra quem não concorda com minhas contextualizações políticas, resta um apelo fashion: Você acha que Dilma, com o perfilzão retrógrado que tem, – enquanto mulherrrrr – usaria uma minissaia mais curta que a de Leila Diniz?

Ora, faz-me rir!