A invasão privatiza

É claro que olhei para aquele PM ontem e pensei: burro. Você diz: “ah, ele deve ter sido provocado até”. E daí? Se você aceita provocação e segue um comportamento destemperado não precisaria ter a trabalheira de virar PM; bastava ter uma conta no Twitter e pronto, não é mesmo?

Mas o Reinaldo hoje aponta um aspecto interessante da coisa: o que vem a ser um espaço público. Um trecho:

A indagação do sargento vai ao ponto: “E a ação de vocês é legal?” Não, não é! Um bem público não quer dizer “sem donos”, sujeito à ocupação. Um bem público pertence ao… público! Eis um dos traços detestáveis da cultura brasileira: considerar que aquilo que é de todos não é de ninguém. Por isso tanta gente faz xixi em praças e túneis, põe os pés sobre os bancos nos trens, ouve música num volume ensurdecedor nas ruas, joga aquele maldito frescobol na praia… “Já que o espaço é público…” Sem essa! Ainda que aquela fosse mesmo, ainda hoje, uma área de  TODOS OS ESTUDANTES, ela não poderia ter sido invadida por ALGUNS ESTUDANTES! (íntegra)

Daí a gente entende que, para nós, o sentido de público é a avacalhação: sua casa pode ser um brinco por dentro, mas o exterior e a calçada, pfui! A praça da Sé é, desde sempre, tomada por gente que você não chamaria pra um churrasco, porque, afinal, é pública… A Cracolândia, as entranhas da avenida Marquês de São Vicente, aquela repartição imunda, o hospital caindo aos pedaços…, tudo público.

Quer dizer, no Brasil, um bem público pode ser tomado por qualquer grupo, sem punição, porque… é público.

Daí você entende o que acontece com o dinheiro público.

27 comentários em “A invasão privatiza”

  1. É o que eu sempre digo…sem tirar nem colocar nenhuma vírgula.

    Mas num país onde a média de leitura é de 1,8 livros por pessoa, e onde É o Tchan, Michel Teló, Gretchen, Luan Santana, Gustavo Lima, Belo e quetais são ídolos populares alçados à condição de gênios, não se pode esperar algo que não seja zona…

  2. Mas, Fabio Mayer, o Tchan ainda existe? Se sim, deve ser por isso que passamos o UK…Mas, tem razão. Esse negócio na USP já rendeu. Contudo, tem razão o RA. A USP não é gratuita. A USP é pública. E público não é bagunça e provocação. O policial foi identificado e punido, conforme reza a lei e os manuais da corporação. Destempero de quem tem de manter a ordem não pode. Se não aguenta, sai, chama pelo rádio, explica a situação e pede apoio. Não pode segurar a pessoa daquela forma e nem de outra forma, empunhar arma, apontar etc. Senão vira bagunça. Um tiro ali e pronto…o mundo cairia. Que isso não sirva para um recuo na presença da PM na USP. E a pergunta do PM é correta. A ação daqueles estudantes era legal? E no sentido de público, não. Não era, não. Assim, a administração da USP também tem de fazer a sua parte. Tem mecanismos e regulamentos para tanto. Portanto, ao trabalho, não é?

  3. É o Tchan, o Fábio pegou pesado!!!

    E quanto á USP, eu acho incrível poupar meia dúzia de privatizadores. Em nome de certa opinião? Não paga a pena. A população está falando e andando pra esses caras.

    Agora, PM esquntadinho tem mais é que fazer curso sobre a dinâmica das coisas na USP e frequentar a psicóloga da corporação.

  4. O problema é que a PM também é considerada coisa de ninguém pela patuléia.

    Aqui em RBS, um bebum tocava música em ultimo volume as 3 da madrugada. A PM chegou (incrível, o 190 funcionou!) e ele enfrentou o policial: disse em alto e bom som que polícia serve para servir e que na rua que é pública fazia o que queria! Ato contínuo, despejou uma lata de cerveja no PM.

    É verdade, apanhou até pedir peloamordeDeus para pararem, foi preso, responde processo, etc… e tal… Mas alguém acha que policial tem sangue de barata?

    A enorme maioria da população adoradora das bundas do Tchan, e de burrice ao quadrado, acha!

    Enfim, eu observo e tenho cuidado em analisar esses “excessos” policiais. O mundo ideal é sem eles, concordo. Há os que devem ser punidos dentro da corporação e há os excessos que devem ser punidos criminalmente, também concordo. Mas sinceramente, punir policial e mandá-lo para recuperação psicológica porque ele deu uns cascudos em algum insolente que acha que a Lei é só para os outros, é exagero.

    Brasileiro já comprovou que só tem uma coisa que o faz aprender: é o sofrimento. Se não for no bolso, é o físico, mas brasileiro só aprende sofrendo…

  5. Dado que os coletivistas frequentemente banalizam os direitos de propriedade privada, vale à pena elaborar essa questão. Quando os direitos de propriedade são aplicados integralmente à propriedade privada, todos os custos e benefícios das decisões que um indivíduo proprietário toma ficam concentrados nele e nele apenas. Já quando os direitos de propriedade são coletivizados, eles se tornam difusos e dispersos pela sociedade.
    Por exemplo, a propriedade privada força os proprietários de imóveis a levarem em consideração o efeito que suas atuais decisões terão sobre o valor futuro de seus imóveis. Por quanto tempo mais um imóvel continuará sendo valorizado como uma boa moradia — e, por conseguinte, ser revendido a um bom preço — é algo que vai depender exclusivamente de como seu proprietário irá cuidar dele. Assim, uma propriedade gerida privadamente faz com que a riqueza de um indivíduo seja refém de suas atitudes; esse indivíduo, para manter sua riqueza, terá de incorrer em uma atitude “socialmente responsável”: economizar recursos escassos.
    Compare esses incentivos àqueles gerados pela propriedade coletiva. Quando o governo é o proprietário de um imóvel, um indivíduo não tem incentivos para cuidar bem deste imóvel simplesmente porque ele, caso aja assim, não irá capturar o benefício completo de seus esforços. O resultado de seus esforços será disperso por toda a sociedade. Por outro lado, para este mesmo individuo, os custos de ele ser descuidado e desleixado com o imóvel coletivo também serão similarmente dispersos pela sociedade. Não é necessário ser um gênio para prever que, sob tais circunstâncias, os cuidados para com essa propriedade serão muito menores. Simplesmente não há incentivos para tal atitude; não há incentivos para se economizar recursos escassos. A propriedade coletiva gera desperdício de recursos escassos, sendo portanto socialmente irresponsável — justamente o contrário do que almejam seus apologistas.

    http://www.mises.org.br/Article.aspx?id=971

  6. Putz, de todas as pessoas que conheço e que viram o vídeo, nenhuma delas foi contra a ação do sargento. Eu até acho que ele merece uma medalha. Como é bom ver um bobão descolado, sentadão naquilo que não lhe pertence, provocando um policial que está à serviço, dizendo que a palavra dele valia mais que a carteirinha de estudante, tomar uns chacoalhões. Uma pena essa filmagem, mas te garanto que a maioria da população acha essa ação positiva. Aquele imbecil descolado tem que aprender a tratar as pessoas com respeito. Principalmente se essa pessoa for uma autoridade policial, com o dever de zelar pelas pessoas e pelo patrimonio público. Ele que vá fumar maconha na elite que o pariu!

  7. Verdade verdadeiríssima, Fábio. A polícia é pública, então você pode esculachar e provocar à vontade. E note a sutileza estamental: universitário não quer nem saber se a polícia cometeu abuso contra marginalzinho de periferia. Só move o discurso da pretensa opressão estatal (tucana, é claro) quando a coisa é com a própria classe, e classe bem definida: a da universidade pública. Dito isso, é razoável dizer que a USP não é uma universidade, é um estamento colonial, com todo o privilégio e a diferenciação que nos caractariza, este país usineiro disfarçado de república. Esse tipo de estudante da USP só reproduz o sistema capitalista-opressor. Não é uma graça?

    Interessante o artigo, Libertário. O cara escreveu dos EUA, então lá vai a ressalvinha brasileira a este trecho: “Tal medida [impostos, que, trocando em miúdos, c’est la même chose pra gente], na verdade, estimularia um comportamento mais desleixado do indivíduo proprietário, o que levaria a uma rápida deterioração do imóvel, uma destruição de recursos escassos. Afinal, para que cuidar bem de algo que, ao ser vendido, não lhe trará grandes receitas?”

    Daí eu remeto ao post da CDHU. O cara chega, enche o saco da Companhia até pra tirar papa-mosca da parede, recebe o imóvel direitinho, leva ums três anos pra f… com o apê e todo o entorno e…. vende.

  8. Claudio, não se trata de ser contra a ação do sargento. É sobre o erro de estratégia do cara. A PM paulista, até pelas características técnicas e políticas que cercam SP, tem de recorrer à inteligência pra lidar com esses caras. Os universitários são medianamente inteligentes, sabem provocar um fato. A PM tem a obrigação de ser melhor que isso. Senão, estarão fazendo o jogo deles.

  9. Olha pessoal, a polícia não tem de descer a biaba em ninguém. Mesmo provocada à exaustão. É uma força armada e detém, por mandado, o monopólio da força, da coerção, em nome do Estado, este o detentor do mando. Não é à toa que já batizaram o Estado de Leviatã. Isso desde que dentro dos limites estritos da Lei. Senão vira bagunça e violência gratuita. Para usar de força, precisa ter o aval, o mandado do Estado. Se não tiver, não pode usar a força. É assim que as coisas funcionam. Estamos numa Democracia e não à mercê de lutadores de lutas marciais. Existem formas treinadas de inibir e coibir atos sejam eles quais forem. Não é ao livre arbítrio de ninguém.

    Quanto à forma como a população enxerga a polícia, isso pode variar. Se a polícia socorre uma parturiente e faz o parto na rua, na chuva, no mato, seja lá onde for, é heroísmo. Se desce a biaba em um meliante, num bebum provocador, num janota folgado qualquer, é violenta. São extremos. E a ideologia mais atrasada coloca essas dicotomias de forma a favorecer a sua causa. Seja ela qual for. Se o Estado estiver governado pelos que considera seus, pode ser que considerem a polícia excelente. Caso contrário, péssima. E provocá-la, no segundo ambiente, faz parte da luta político-ideológica, para que suas teses sejam confirmadas por algum tipo de destempero.

  10. Vivemos por décadas, num mundo imbecilmente dividido ideologicamente. Sempre à beira de um imbecil qualquer que resolvesse apertar um desgraçado botão. Pessoas morreram por livre arbítrio de brucutus, fossem de qual lado fossem. Churchill resolveu à bala pendências ideológicas e expansionistas de um “desindivíduo”. Depois, Roosevelt, De Gaulle…e um monte de pessoas anônimas morreram por isso. A policia não deve aceitar tais tipos de provocações, pois, isso remete à épocas já superadas. Há uns por ai que ainda acham que o século não mudou. Mas, mudou sim. E é melhor não ter ilusões de que a força bruta resolve, pois, não resolve aspectos prosaicos do dia a dia. Provocações imbecis devem ser respondidas com inteligência. Senão, fica tudo nivelado por baixo. É sempre bom repetir: São Paulo, Estado e Capital, não são governados por idiotas sanguinários. E todas as respectivas esferas administrativas têm de refletir isso. Senão, seria melhor encontrar outro lugar para viver.

  11. Eu já acho que a população, população mesmo, no duro, tributa heroísmo à polícia tanto nos partos de rua quanto na captura de meliantes. Há até um potecial de exagero na percepção comum, de que a polícia trata bem bandido (estão aí os linchamentos que não me deixam mentir).

    No entanto, nem a um lado nem a outro. Tratar “estudantes” como classe privilegiada não me parece bom caminho, já que eles percebem isso e começam a se espalhar, desafiando as leis.

  12. Leticia, muitas vezes esse comportamento que você comenta é por “ideologia” de parte da população, dependendo da percepção que ela tenha do fato, da proximidade com quem seja abordado etc. Olha, isso é percepção tirada da simples observação, conversas etc. nada de “científico” em minhas observações. É apenas “uma mera tomada de pulso”, OK?
    Porém, apesar disso, concordo com você no geral.

  13. Em mundo ideal o boicote social seria a solução. O ofensor seria boicotado pela sociedade, pares, vizinhos etc. até se emendar. Nada de violência. Infelizmente em uma sociedade bestializada e ignorante como a nossa só a força resolve.
    Citando Lazarus Long ( Robert heinlein)
    Dê um tiro depressa. Isso perturbará o opositor por tempo suficiente para permitir a você dar seu segundo tiro perfeito.

  14. Em um mundo ideal, Libertário, o personagem de Clint Eastwood em “Gran Torino”.
    Todo resto, não passa de conto de fadas.

  15. É, Dawran, a população não é lá bom parâmetro. Tem até aquela piadinha de que, se a voz do povo fosse a voz de Deus, o Todo-Poderoso diria “pobrema”.

    Não precisa ser assim, Libertário. Se se instalam ideias assim, periga a mulher que “surtou” e jogou os cachorros pela janela no Guarudjá também se achar em sua razão e ter por bem metralhar todo mundo na praia. O perigo do mundo ideal é ele sair diferente do que a gente imagina.

  16. Tenho um sobrinho que “estuda” na USP campus São Carlos, ele me deu um bloco no “face” porque eu tomei o partido do Rodas. Ele sempre foi um ótimo estudante, mas é uma besta, já que para ser aceito se envolveu com os idiotas do centro acadêmico e tá se achando. Toda essa introdução serve para dizer que pelo que eu já lí, já ví e sei o que esse pseudoestudantes planejam e estão planejando, a PM que fique alerta.
    Se essa ação ocorresse em qualquer pais civilizado ao ser abordado, esse “cerumano” deveria manter suas mãos a vistas, não efetuar nenhum movimento que pudesse sugerir que ele fosse agredir o policial, e apresentar os documentos de identificação, caso não o fizesse seria imobilizado, algemado e levado para a prisão.
    A USP é um bem público, pertence a população e o policial deveria ter algemado o meliante dado voz de prisão, já que fica claro no vídeo o desacato a autoridade. Quando solicitado que ele apresentasse o documento de identificação ele xexé atou uma autoridade. Se o “papi e a mami” não lhe deu os tapas na época certa, pode passar aqui em casa que eu educo o “pobrezinho” de 31 anos ainda na “faculdade” se vestindo com o babaca.

  17. Malu Campos, o policial foi afastado incontinenti. O que está correto. Não pode agir dessa forma em lugar algum. O Governo e Governador não são nazistas, ou fascistas, como estão sendo acusados diuturnamente e “noturnamente” também…A Administração Pública tem de refletir Democracia, senão, melhor seria cair fora daqui. A PM tomou as suas providências. Assim, que parem de encher a paciência e que parem de provocar a polícia para aparecerem como heróis de nada.
    Há uns dias, dois estudantes da USP, chamaram a PM pelo 190, por terem sido assaltados na saída do campus. A PM prendeu um e o outro não deve demorar muito, não, se já não tiver sido já. Veja que interessante uma coisa dessas virar notícia!!! Se ao menos fosse o contrário. Ou seja, meliantes discando o 190 para acusar dois alunos da USP…A coisa está toda maluca, Malu Campos. São tempos doidos.

  18. A cada dia que passa torna-se mais do que evidente a tese que configura esses “estudantes” como peças plantadas para exercer um objetivo específico.
    Seria de bom alvitre (ops!) checar a autenticidade de seus registros junto à instituição que frequentam. Talvez tenhamos aí algumas surpresas.

  19. Pior que são estudantes, sim, Schu. A FFLCH, por sua nota de corte menor, é o meio mais jerereca de você “entrar” no câmpus. O que não invalida a qualidade de quem realmente quer estudar.

  20. Dawran
    Eu estou do lado do governador e da policia. Após verificar que essas ações são combinadas no Facebook eu denunciei os “meliantes” aos órgãos competentes.
    A USP é muito maior e presta um enorme serviço ao Brasil para ficar refém desse “pseudoestudantes”. Por mim até o meu sobrinho deveria ser expulso, já que escolheu “passear”, ser “promoter” ao invés de cursar engenharia curso para o qual prestou vestibular.

  21. Schu
    Nos idos de 78, eu era pequena mas lembro que minha irmã cursava Pedagogia na UFSCar, ela dava aulas o dia todo e a noite freqüentava o curso noturno. Lembro-me de pelo menos 10 amigas na mesma situação. Os de sempre resolviam entrar em greve e a Pedagogia nunca aderia, solução encontrada? Matricular uns desocupados de outros cursos em algumas aulas fazendo assim que o Curso de Pedagogia tivesse representatividade nas assembléias e aderisse as greve. Hoje corremos o risco de um desses representantes vir a ser nosso ministro da (des)educação. Memória de criança é fogo!

  22. Malu campos,
    No geral concordamos, sim. Só não colocaria aspas em estudantes. Melhor assim, sem aspas mesmo. Senão, seria concordar com a exclusão a que se reservam, com a fantasia de que seriam excluídos por serem diferentes, combativos, perseguidos etc.
    Aliás, esses procedimentos e atitudes nunca acabarão. Permanecerão, tal como o “…eu estive em Woodstock…”, entende? Ou o “…eu estive nas barricadas…”
    Diziam que Pol Pot também teria estado nas barricadas de 1968/maio…Depois, no poder, todo mundo sabe o que foi Pol Pot.
    Tudo bem estar onde alguma história foi feita.
    O que não dá é ficar agindo como Peter Pan.

  23. Pior, Malu, é que alguns desses “representantes” já tornaram-se ministros. Taí o lullo-dilmismo recheado com muitos deles. Oito já caíram por pura incompetência e desonestidade. Para eles, desconstruir é o que importa.

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