Nesse eu entro

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Não sou muito de blogagens coletivas, muito menos de correntes. Mas esse meme (achei por bem grafar assim) me é divertido em especial, e aceito. Mas, por favor, não me peçam para passar a tarefa adiante. Não tenho jeito pra isso, por imaginar a possibilidade de a pessoa escolhida estar atolada de trabalho, não estar em um bom momento na vida ou simplesmente não querer. Da minha modesta lista de blogs linkados, faz quem quer, ok? E vou fazer um texto, pra compensar as coisas que terei de deixar de fora, já que minha infância aqui em SP foi extremamente feliz.

Cinco coisas que conheci na infância e nunca esqueci

Bem, eu tive uma infância eclética. Sou a filha do meio, e meu irmão é cinco anos mais velho que eu. Portanto, quando eu nasci ele já estava iniciado na fina arte da molecagem. Minha irmã mais nova nunca se interessou por bonecas. O negócio dela era pipa, bola… enfim.

No meio fiquei eu, que também apreciava tudo o que os outros dois faziam, mas gostava também das bonecas. De meu irmão, tinha de clamar e até recorrer às instâncias superiores pra andar no seu carrinho de rolimã, de dar uma empinadinha na pipa… (sejamos honestos: ele fazia capuchetas pra gente). De minha irmã, o máximo, o máximo que consegui em termos bonecais foi montar um orfanato que era tomado por malfeitores. Aí ela brincava.

Não sou capaz de lembrar o que fiz semana passada, mas lembro de tanta coisa, mas tanta coisa da infância… Acho que com todo mundo é assim. Mas vamos escolher cinco tópicos e deixar os outros injustamente de lado:

1) O Natal de 19… (sei lá). Havia uma grande limpeza externa lá em casa, e todos nós participando, porque era uma farra. A mangueirada começou no quintal, e a gente aproveitando, porque estava um calor de lascar. Foi indo, foi indo pela lateral da casa, até chegar ao jardim. No final, cada um direto pro banho. E quando a gente, já limpinha, chegou de volta ao quintal, eis que estavam lá todos os presentes, na varanda da lavanderia que havia nos fundos. Lembro que não havia “um” presentão, mas vários presentes menores (acho que rolava uma pindaíba parental). Lembro com saudade de cada um deles, e lamento não ter guardado nenhum. Mas tenho meu pianinho de parede, que veio em outro Natal e está aqui, sobre um móvel da sala.

2) Como o Fábio Max, livros. Até onde posso chegar na memória, o primeiro livro que parava em pé que li foi David Copperfield, lá pelos 7, 8 anos de idade. Isso após ter passado por muitos livrinhos infantis. Ao contrário de hoje, em que a leitura dos 5 aos 80 anos é toda escorada pra não traumatizar ninguém, leituras mais pesadas nunca me fizeram mal. Pelo contrário, sempre deram um up no vocabulário e na sintaxe. Lia muito uma enciclopédia dos anos 1950 que meus pais têm até hoje, e que pedi faz umas semanas. Não interessa que esteja defasada. É objeto de afeto e pronto.

3) Acho que, quando era criança, conheci algo que poucos puderam experimentar: viagens de trem São Paulo–Rio. Houve uma época em que meu pai não tinha carro, e a gente pegava trem com cabine, pra ir à noite. Lembro que eu ficava em pé na cama, e que no ano seguinte não conseguia mais porque tinha crescido.

4) Outra coisa importante na minha infância em termos de brincadeiras foram, sem dúvida, as três Susis que eu tinha e o universo físico que montei em torno delas. Coisas como cama da Susi, carro da Susi, guarda-roupa da Susi eram impen$ávei$, além do que tinham cores berrantes que eu achava horríveis, e assim eu mesma fazia o entorno da criatura: minhas Susis tinham roupas super na moda que eu mesma fazia, “aparelho de som”, discos, copos de uísque (tampinhas de canetas Sylvapen), escova de dente (era um aplicador de rímel que minha tia me deu), geladeira, fogão, sofá com poltronas, mesa e armário de cozinha, além de sala, quarto e uma butique – ambientes feitos com caixas de papelão decoradas com apuro. Tinha também um ambiente só do século XIX, pra combinar com as roupas de século XIX que eu tinha feito para elas. Mais tarde eu ganhei o Beto, mas achei ele um goiaba: cortei seus cabelos, fiz um óculos de arame e pintei uma barba. Não adiantou muito: a Susi era afim do Falcon, mas meu irmão já tinha me dito que ele não era do babado.

5) Mas o que me toca mais intensamente foi nosso aprendizado na bicicleta. Lá ia meu pai com a gente, para uma rua que ficava deserta nos finais de semana, e ia correndo, segurando a bicicleta por trás pra gente não cair (mas que paciência!). Eu lembro que quando passávamos pela boca-de-lobo eu morria de medo de cair lá dentro. Não adiantava meu pai dizer que a gente estava bem no meio do asfalto, que era impossível cair na boca-de-lobo, que ela tinha grades, etc. e tal. Só fui adiante mesmo porque ele sempre me garantiu que nada de mal ia acontecer.

 

 

11 comentários em “Nesse eu entro”

  1. Também fui leitor de enciclopédia, a velha Delta-Larousse. Aliás, foi lá que estudei para o vestibular. E fui de trocar gibi em porta de cinema. Depois li tudo o que podia de literatura, emprestado do colégio, dos parentes e de onde mais desse.
    Agora quase véião “abandonei” os romances, mas de vez em quando sinto falta. Atribuo tudo à maldita falta de tempo…

  2. Eu era uma flor de candura, Ricardo. Sapeca era o cara ao lado (aliás, ele é assim até hoje – os filhos dele são mais sérios).

    Tambosi, pertencemos a um tempo em que estudar pro vestibular era com o que tinha em casa, ou ao nosso alcance. Também me virei bastante com essa “Enciclopédia Jackson”. E hoje não dá mais tempo pra curtir nada desse tipo. É só lerê, lerê…

  3. Adorei a sua história. Nada como uma infância sadia para podermos recordar. Eu também tinha Susi e vovó me ensinou a costurar sua roupas e fazia com retalhos que recolhia na família. Bom tambem era subir na goiabeira e na jabuticabeira que tinhamos no quintal.

  4. É, Malu, foi minha mãe que me ensinou a costurar as roupas. Graças a Deus que peguei um resto de moda hippie, porque não tinha paciência com bainha.
    Sobre subir em árvore, uma vez caí na grama, e com o susto fiquei sem respiração, que só voltou aos pouquinhos. Depois disso, never more…

  5. Bons tempos né?

    Quando eu jogava futebol de botão com meus primos, a gente brigva tanto que a mesa ficava toda marcada de saliva dos berros que a gente dava… minha mãe ficava apavorada, pensava que íamos nos matar, mas no final das contas, era só farra mesmo.

  6. Adorei recordar a infância com seu texto!
    Imagina… eu pensava que Susi era uma bonequinha “simplinha”!! Não sabia desses lances aí de casinha e tals…
    Ah! E achava o Beto um boboca também… rsrsrs… mas o Falcon era, digamos, arrojado, né?
    Vou linkar você lá em casa, pode ser?
    Abraço da irmã do Fábio.

  7. Bom você aqui, Mônika! Claro que pode linkar! Eu é que não tenho passeado muito por aí, por causa do trabalho. Mas logo logo vou lá te dar um alô.

    Qq. dia eu tiro foto da minha Susi com roupas “de época” que eu bolava.

    Para meu irmão, tanto o Beto como o Falcon eram boiolas, pra falar a verdade. Trocando em miúdos, não tinha namorado que prestasse pra Susi. Beto era bobo. Falcon era meio bad-boy. Por isso todas as minhas 3 Susis terminaram sozinhas, humpf!

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